Sem esperanças

sábado, 14 de junho de 2008

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E Joana corria pra lá e pra cá: era dia do festival de canções e teatro.
"Ela sempre fica assim nestes eventos" diziam todos, que olhavam atentos seus movimentos, quase uma dança por entre os organizadores e participantes do evento. Mas ninguém ajudava. Por vezes, Joana parava, olhava a todos, e continuava seu rumo, sua cabeça balançante; suas sobrancelhas, quase um V perfeito; sua boca, rija; seu olhar, ora furioso, ora caído, amedrontado. Se os olhos são o espelho da alam, ou estavam desregulados, ou ela realmente estava muito confusa.
Voltando à narração, saindo da longa descrição, ouviu-se, ao longe, o grito de horror de Joana:
"AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAH NÃO!!!NÃO NÃO NÃO!!!"
O causador de tanto horror: Os primeiros pingos de uma forte chuva, que o pessoal da meteorologia já previra, mas apenas para a semana seguinte. Se Joana já andava rápida e confusa, com estes novos convidados então, impossível descrever seu movimento.
Joana ligava de seu celular, pedindo, pelo amor dos céus, 800 metros quadrados de lona para vinte minutos no máximo. A resposta era óbvia: " Senhora, eu poderia estar-te atendendo em duas horas no mínimo, é uma quantidade grande de lona.
Não bastasse este desespero, os fortes e bravos ventos começaram a derrubar as barracas, os adereços e penduricalhos. Joana, atônita,olhava para tudo ao seu redor: nada, absolutamente nada estava dando certo!
A cena mais parecia um pós-catrina: as barracas e penduricalhos, como já disse, derrubados; o chão, lamacento; as luzes, se apagando ou estourando, talvez um curto-circuito por causa da chuva; as pessoas, correram todas; apenas ela, Joana, ali no meio daquele deserto parque destruído, sem a mínima idéia do que faria.
Na verdade, sabia e fez: Voltou para sua casa, chorando suas lamúrias pela estrada escura e deserta daquele bairrozinho rural, sem esperanças.

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