Sobre pais, filhos e o mar

domingo, 26 de junho de 2011

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Tive dengue. Tive sono. Estou com tédio.
Além de tudo isso, uma pequena imagem, como se fosse um pequenino trecho de uma cena, não sai da minha cabeça.

"É sobre um pai e seu filho, que sobem por uma espécie de colina a beira-mar, sentindo sob seus pés descalços o frio e a maciez de um gramado bem cuidado. Se chegarem na beirada da colina gramada, verão o mar lá em baixo, rebentando com certa truculência sobre as pedras limadas em uma espécie de praia inacessível a qualquer ser humano. Mas eles não irão na beira da colina. Eles prosseguem subindo, distantes da borda, apenas vislumbrando, imaginando como seria o mar lá em baixo pelo barulho das ondas, e pelo cheiro da maresia.
O sol se põe, e o pai segura firmemente a mão direita do seu filho, com a sua mão esquerda. A pele dele é diferente da sua, pois é macia e juvenil. A criança olha pro pai, que diz:
"Não se aproxime da borda, pode ser perigoso."
A criança olha pra ele, um brilho no olhar. Vislumbra ali seu pai, seu guia, seu mestre, seu modelo, seu exemplo, quase um herói de suas histórias infantis.
"Não irei papai. Ficarei longe da borda. Ficarei junto a você."
E os dois continuam seu caminho. Lá no alto, uma igrejinha os espera. Não vão pra missa ou algo do tipo. Eles vão ali se sentar num banquinho de madeira carcomido pela erosão do vento e verão dali do alto o sol se escondendo por trás do veludo brilhantemente azul do mar. Talvez os dois se abracem."