Sobre precipícios

quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

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O que é ser humano? O que significa, para você, sentir alguma coisa? Ultimamente, estas perguntas vêm permeando constantemente minha cabeça. O quão delicada é a linha tênue da relação interpessoal, por mais forte que esta relação seja? Ao lidar com seres humanos, ao manusear esta linha, será que nós somos sensíveis o suficiente para não causar-lhe nenhum dano? Ou será que qualquer ação que fazemos, qualquer atitude que tomamos é suficiente para feri-la? EU sei, eu sei... Muitas perguntas, pouca explicação... Vamos lá, então.
Ultimamente, toda a minha vida tem girado em torno de um único ponto, em torno de uma única decisão: pular ou não pular do precipício. Ok, não, eu não vou pular de um precipício real, é apenas uma metáfora. Mas venho me sentindo assim por um longo tempo: pular ou não pular. Essa dúvida vem devagar, como uma doença muito sorrateira: a principio era apenas algo que me distraía; agora, está no ponto de ser a foco das minhas atenções. Pular ou não pular do precipício? Pular ou não pular?
Desejo muito pular, muito mesmo. Meu coração todo anseia há muito tempo por este salto, esta atitude: quero pular! Mas ao mesmo tempo, pular do precipício significa vencer o maldito frio na barriga que me bate, toda vez que penso no assunto. E esse frio na barriga, vem acompanhado de uma culpa mortal: pular talvez vá me fazer feliz mas isso custará muitas lágrimas de pessoas que amo muito. No entanto, simultaneamente, desistir de dar o salto, significará igualmente tantas lágrimas de pessoas que também amo muito... Infelizmente, à beira do precipício, você tem duas alternativas: pular ou não pular. Uma anula a outra: pular é deixar de não pular; não pular é deixar de pular! Mas o que fazer, então?
O que o ser humano faz quando qualquer das alternativas causa sofrimento? EU, pelo menos, sinto-me levemente miserável, por vezes sinto-me fadado a um destino cruel, e a tomar decisões mais difíceis que todos. Chego a perder a fé. Por Deus, tive muita vontade de terminar com tudo e fazer uma enorme besteira, e ir contra todos os meus princípios. Mas então eu ouvi uma música. Li um livro. Conversei e ri com amigos. Rezei um pouco.
Então, uma voz de um velhinho e uma moça falaram dentro do espaço das minhas lembranças. As vozes provocaram tal reação em mim, me encheram com tal paz, que eu chorei. As lágrimas pareceram lavar todo aquele denso nevoeiro que estava prensando minha alma. Minha mente se fez decidida, firme e forte de novo. Agora estou bem. O frio na barriga ainda está presente, mas me sinto cada vez mais pronto para enfrentá-lo. Sei que sempre posso contar com aqueles que nos guiam e observam de perto nossas vidas, estando sempre lá, em todos os momentos. E eles me mostraram que posso também sempre contar com minha família, mesmo que eu (e ela) achemos que não.
Não sei e todos vão entender isso. Na verdade, esta postagem não foi feita para ser boa. Nem de longe. Cheguei a pensar se deveria ou não postá-la. Mas enfim, aqui ela está. EM breve farei uma boa. Mas nunca se sabe quando eu serei aquela chamada à realidade de que eu mesmo tanto precisei.
Obrigado. Vou pular.