Perfeição

quinta-feira, 30 de julho de 2009

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Com Carlos Gardel a altos brados no auto-falante:
"Por una cabeeeza"
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Paro pra refletir, mais uma vez sobre o problema do mundo. Acho que já estou ficando um tanto paranóico com essas coisas, mas não consigo deixar de pensar nisso. Li um livro entitulado "O vendedor de sonhos" e vi um filme chamado "Ensaio sobre a cegueira", e estou louco para encontrar o livro com emsmo nome, do incrível José Saramago. Então, parei pra ver uma relação mínima entre os dois:
Ensaio sobre a cegueira pode ser interpretado como um alarme, um alerta à todos no mundo. Todos estamos cegos pela ignorância, cegos pelos descaso com os outros, cegos com a concorrência ignorante que temos e estamos tão cegos que não percebemos que estamos imersos num mar de caos percebemos então que estamos absolutamente perdidos, sem saber o que fazer e onde ir. Mas quem poderá percebê-lo? Aqueles que ainda podem enchergar. Aqueles que tem a mente aberta para admitir a ignorância, aqueles que têm uma mente sã, que são o oposto daqueles que são cegos. Aqueles que admitem, primeiramente, que são ignorante e por isso estão um passo a frente daqueles que se julgam sábios. Esses podem, e na minha opinião DEVEM vender o sonho da visão. ENtra em ação o vendedor de sonhos, espalhando pelo mundo a completa futilidade e muitas vezes inutilidade das grandes fortunas, dos padrões absurdos que a sociedade adota, do governo das exceções: quem tem a razão são os ricos, os magros, loiros, olhos azuis, cabelos bons, com bons carros e católicos. Enfim, vivemos num mundo governado pela soberba e pelo descaso, acreditando num Deus autoritário e cheio de regras e pedindo aos céus para se integrar nesse núcleo de exceções absurdas, sonhando,almejando participar de uma parte desnecessariamente seleta da população. Não planejei este texto, simplesmente saiu, estou jorrando as palavras pelo teclado, vomitando as letras por aí, porque me revolta saber que estamos sempre almejando essa maldita "perfeição".

"Venha, meu coração está com pressa
Quando a esperança está dispersa
Só a verdade me liberta
Chega de maldade e de ilusão
Venha
O amor tem sempre a porta aberta
E vem chegando a primavera
Venha que o que vem é perfeição!"

Perfume

segunda-feira, 27 de julho de 2009

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"Oh amor,
Você me deixou aqui
Sozinho nas esquinas
E bares da vida
Deleitando-me com sua ausência
Tão presente..."

O rádio tocava a música, sucesso imediato, um grande estouro. Na época, Jaime ainda lembrava, a música fora feita para uma mulher em especial: Júlia. Júlia era a mulher de sua vida, presença constante em seus sonhos e em seus pensamentos quando acordado. Não largava, de fato, sua mente. Júlia era uma mulher especial. Jaime se lembrava de quando a vira pela primeira vez, num de seus shows. Estava cantando uma música agitada sobre a corrupção, quando essa mulher, linda, na primeira fila, o olhou. E ele pra ela. Não conseguiu mais cantar. Sua voz se prendeu no fundo de sua garganta. Sua língua tornou-se rija como aço, inflexível como uma parede de concreto. Todos pararam, perguntaram o que acontecera. Ele simplesmente enttou esse som, em alto brado, sem microfone, sem ensaio, sem intrumentos. Era a música de sua alma, que ele explanava e entregava nas mãos da pequena. Tão penetrante foi seu transe, que nem a revoada de aplausos que se seguiu a seu canto, nem os olhares de seus colegas de banda, nem mesmo o choro da menina o despertaram dele. ELe ofereceu sua mão à moça, a tomou nos braços, e foram para fora daquele lugar, daquela platéia, daquele auditório lotado de insensíveis estranhos sangue-sugas.
Depois de uma noite de amor sensacional, Júlia estava acordando em seus braços, seus cabelos provocando aquele incomodozinho gostoso neles. Ela se levantou, o olhou profundamente e saiu nua em direção ao banheiro. Se lavou. Voltou perfumada, intensamente e deliciosamente. Aquele cheiro de rosas, ou seria de grama molhada, ou ainda o cheiro de um jardim? Jaime não sabia, e nem se importava, bastava que soubesse que era bom, e muito.
Jaime e Júlia ganharam as manchetes da maioria dos jornais, embora o casal tentasse a todo custo esconder a relação, por razões de privacidade. Seu romance ficou por muito tempo oculto, até o dia em que um fotógrafo os pegou bem no meio de um beijo, na sorveteria próxima. No dia seguinte, estampada em um jornal, estava a manchete "Abalando corações", encimando a foto na sorveteria. Advogados foram acionados, abriu-se um inquérito, mas nada poderia apagar da mente dos brasileiros a notícia: "Jaime estava apaixonado". Assumiram publicamente a relação. Fotógrafos, imprensa, tudo estava em cima deles, a todo instante. As tardes no parque ficaram esquecidas, os momentos na sorveteria se foram, os passeios noturnos pela cidade se dissiparam como poeira no vento. Era o fim de sua privacidade.
Aos poucos, foram se afastando emocionalmente, e aumentando sua frequência sexual, reação previsível de um casal que deseja manter a relação, embora sinta cada vez menos atração emocional um pelo outro.
E foi com o sexo primeiro que a relação decaía. A mídia, reparando a frieza dos dois, comparava o início do relacionamento com o que eles diziam ser o final. Jaime estava ficando maluco com toda aquela informação aumentada. Via as informações da mídia se concretizando, via seu relacionamento morrer, via a mulher de sua vida correr pelos seus dedos como a água que lavava sua face todas as manhãs, assistia, amarrado, seu relacionamento naufragar, levando com ele tudo o que já significou de bom em sua vida. Tudo o que ele considerava belo, tudo o que ele via como bom, bonito, boas lembranças, recordações, tudo! Tudo afundava na lama do fim. Se agarrava cada vez mais a fotos de momentos de outrora, aos perfumes de sua bela, aos anéis. Mas não adiantava. Seu Titanic pessoal não parava. Era o fim. E ele o faria como um fim deveria ser.
Ligou o rádio. Sua música tocava. Afundou seu corpo na banheira luxuosa. CHorava profusamente. Lágrimas imperceptíveis se misturavam à água em excesso ao seu redor, seus olhos ficavam cada vez mais vermelhos, ergueu-se. Nem se matar conseguia. Arfava, sentia sua cabeça latejar, seu peito subir e descer. E mais ainda chorou, havia uma foto de Júlia bem à frente da banheira. Empurrou com o pé, chutou aquela vaca vadia para longe de si. Ela não soube auxiliar em seu relacionamento. "Onde está ela agora?" ele pensava. Ele tentava ajudar seu relacionamento, mas ela nada fazia. Ficava de braços cruzados, vendo tudo desandar, assistindo, como no fatídico show, na primeira fila, a derrota de seu amor, o fim de sua paixão. Agora, ele estava se matando por causa daquela vadia estúpida.
"VADIAAA!"
Ele se viu gritando. Agarrou a própria cabeça, seus pensamentos se embaralhavam. Parecia espremer as lágrimas que saíam de cada um de seus olhos. No fundo da benheira, esquecido, estava seu fim: aquela lâmina prateada e fina, que jazia próxima ao ralo, destinada a matar um rato qualquer, agora seria seu fim, um fim, ele julgava, bem mais nobre. O metal contra a pele revelava a abundância do vermelho. Quando os dois se misturavam, parecia que surgia um mar de sangue intensamente vermelho, que escorria de seu pulso para a água ao redor, que aos poucos ficava vermelha, e cada vez mais. Enquanto sentia sua vida ir pelos seus pulsos, de maneira tão romântica e tradicional, Jaime se perguntava se ele morreria tão pateticamente. Nem se matar decentemente ele conseguia. Era um estorvo, um grande saco de merda no lixão do mundo.
Era melhor assim, ele sabia, era a única coisa que ele sabia. Braços firmes, delicados e decididos seguraram seu abdome nu, enquanto o puxava para fora da água, e dava-lhe um soco no canto da boca. Sentia seu braço ser dominado e amarrado a um pano. Seria a morte brincando com seu corpo?
Abriu os olhos. A iluminação local os feriu, eles estavam vermelhos e acostumados à escuridão de sua alma. Júlia estava ali, logo à frente dele. Ele, arfando, tossindo e vomitando no chão frio do banheiro.
"Posso saber por que meu namorado virou um suicida?"
Nenhuma resposta.
"Posso saber porque eu saí e você decidiu fazer essa estupidez? Posso saber porque você é tão idiota a esse ponto? Posso saber porque pensou em se matar, tirar sua vida por causa de sei lá o que? POsso saber porque você estava tomando uma atitude tão babaca e imbecial? Ein, posso saber seu filho da..."
"Pare, vadia! Pare com suas indagações acusatórias e infundadas. Pare de vários nomes me chamar. Pare, pois seu perfume delicado esconde a podridão fétida de sua alma, sua maquiagem esconde os quilos de insensatez e crueldade que inundma sua alma, seus lábios escondem a pura maldade que corrompe seu íntimo."
Apontava seu dedo indicador para ela. Nu, descabelado e de olhos vermelhos: alucinado.
"Você piurou, foi isso que aconteceu. Amor, mas porq..."
"Perguntas o motivo, queres saber da razão de minha insensatez? Eu te respondo, porque sei da verdade. Sua víbora maldita! Eu sei os segredos que essa carapaça externa esconde do mundo. Eu sei o quanto você me odeia, o quanto você gosta de privacidade! Quanto meu amor significou pra você? NADA! Nada, porque você é uma vivúva-negra, e deseja se alimentar de minha desesperança e desespero para continuar seus planos."
Um riso malicioso se espalhou pelo sorriso da pequena. TUdo atingiu uma coloração avermelhada, um tom mais sinistro:
"É amor, eu sempre quis isso. No fundo, meu objetivo era fazer você se matar. VOcê nunca teve esperança e nunca a terá. EU sou seu fim, você não pode ser feliz!"
"Pare! Pare com isso, para de falar, suas falas disparam como flechas certeiras contra meu coração, flechas velozes e furiosas. Flechas malditas, flechas hostis, flechas..."
"Flechas cujo destino nada mais é que o profundo de seu ser, cuja única meta é matar-te da forma mais dolorosa que eu conseguir. SIm, sim, sim, SIM! E sabe a única escapatória? ã, sabe?"
"Não, não, não...PARA!"
"ME MATA!"
"Não, para"
"ANDA, ME MATA, ENFIA ESSA GILETE NO MEU PESCOÇO, ACABA COM O MAL QUE TE FLECHA, POIS É O ÚNICO MODO DE COMBATER ESSA ARMA."
"Não, por favor..."
Estava ajoelhado agora. Perdera as forças
"NÃO HÁ MODO DE COMBATER FLECHAS, O ÚNICO MODO DE CESSAR SEU FOGO É ACABANDO COM O FLECHEIRO, COM A ORIGEM, A ESSÊNCIA, MA MATE!"
"Por favor, não..."
"ME MATE, É O FIM! ANDA, AGORA, EU QUERO QUE VOCÊ ME MATE, EU ARRUINEI SUA VIDA, TIREI SUA FELICIDADE, TODO O BEM QUE HAVIA DENTRO DE VOCÊ EU SUGUEI, COMO UMA SANGUE-SUGA, UM PARASITA MALIGNO, UM VERME, UM..."
Jaime, o gilete e o pescoço de Júlia. Quando o sangue quente da menina fez contato com as mãos homicidas do rapaz, sua visão perdeu o tom vermelho. Júlia não apresentava o olhar maligno. Júlia estava chorando. Júlia estava com um rosto de terror, que transmitiu a Jaime. A dor, o sofrimento. Jaime se debatia no chão. Se mutilava, se cortava em todas as direções que pôde conseguir. Queria acabar, remover de seu peito, retirar à força sua alma homicida. Deveria pagar pelo crime, deveria morrer, sentir dor e que essa dor não cessasse após sua morte. Matara a única razão de sua felicidade. Acabara com tudo o que significava sua razão de ser e existir. Colapsara seu íntimo, extinguira com suas mãos a essência de seu próprio ser.
Merecia a dor que sentia, a dor profunda, e ainda muito mais. SOrria. Estava sentindo dor.
Estava sorrindo, dava gargalhadas. Gargalhava alegremente, eram altas. E quando a alegria da dor superava esse sentimento, se cortava novamente. Queria sentir dor. Dor profunda. Cortou a membrana entre seus dedos. Enquanto cortava e o sangue fluía profundamente, gargalhou. E então, com esse fantasma de riso gravado no rosto, respirou mais profundamente, olhou para Júlia, e deixou-se levar pelos braços da morte. A pequena ficara eternamente gravada em seu pensamento. O fantasma da últiam gargalhada não largou seu rosto feliz, repleto de sangue, sangue no chão frio.

Criança

quarta-feira, 22 de julho de 2009

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Penso que, às vezes, usamos o conhecimento de forma equivocada. Digo isso por experiência própria. Já me escondi do mundo sob o toldo do conhecimento, e me tornei insensível a um olhar, frio a um toque, indiferente a um gesto. Mas de tanto em sentir amargurado para com tudo e todos, passei a me concentrar, a buscar internamente a chave, o porque.
E aconteceu quando eu entrei para escola, na verdade, um ano depois, no maravilhoso laboratório da vida: o teatro. Foi quando, numa peça, me tornei criança e adulto, ficava criança, me trocava na cochia, e me tornava adulto novamente. E nessas ondas, nesse imergir e emergir nos anais da idade, passei a enxergar algo que meus olhos, toldados pelo conhecimento, não reconheciam: o olhar de uma criança para o mundo.
Basta pensarmos que, como uma criança está em busca do conhecimento, não adianta que ela se esconda debaixo de um toldo furado, certo? Então, ela usa sua ingenuidade para enchergar as maravilhas do mundo a sua volta. Cada flor, canto de pássaro, paisagem, até mesmo um cão maltrapilho: tudo é incrivelmente belo. E isso me levou a uma relfexão profunda, e uma mudança radical no meu modo de encarar os fatos: hoje, n~çao uso o conhecimento como um toldo, que esconde minha sensibilidade e minha alma, mas o uso como uma janela, que eu permito abrir e fechar quano bem entendo, e quando a abro, permito que cada detalhe, cada minúsculo toque gentil da natureza e dos seres ao redor chova em minh'alma transbordando-a de prazer e felicidade.
Minha mensagem é: vejam o mundo sob o olhar de uma criança, com inocência e humildade. Mais vale admitir que não sabemos nada e captar o mundo como uma grande descoberta que se renova a cada dia, do que chafurdar no pântano da ignorância, achando que sabemos de tudo e tentar compreender coisas que são, de fato, incompreensíveis.

Linda

sexta-feira, 17 de julho de 2009

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O tecido do lençol que envolvia a cama afagava seu rosto com sua maciez. Sentia o confortável calor que emanava daquele tecido, daquele objeto, daquela cama. Os panos estavam todos desgrenhados e aleatoriamente dispersos por sobre o colchão, à mostra em algumas partes. Ela, nua, dormindo doce e confortavelmente. Ele, também nu, acordado, com um braço sob a cabeça, apesar do travesseiro que ali jazia. Pensava, pensava, pensava muito.
A um tempo atrás, não havia se descoberto. Era um simples fantasma vagando pela imensidão do mundo, frio e indiferente às coisas. Não sabia o que era o amor, ou sabia, mas não o encontrara. Não sabia o que era o afeto, ou sabia mas não o encontrara. Não sabia o que era tocarem-lhe o coração. Essa, ele realmente não sabia.
Lembrava-se do primeiro ato sexual: de como o processo fora bom, de como ele sentia o calor do corpo da menina, de como seus corpos se envolviam num ritmo frenético em cima dos lençóis dessa mesma cama, lembrou-se do desejo, do fervor, lembrou-se do prazer. Fora maravilhoso durante todo o processo. Mas chegou ao fim, chegou o orgasmo, e depois deste veio um abismo, um anti clímax, uma depressão tão profunda em seu prazer que ele lutou pra não cair. A sensação fora a de que fizera algo muito errado, e agora estava encrencado.
Por longos anos e muitas vezes, repetira esse mesmo procedimento: papo, prazer, depressão. Papo, prazer, depressão. Foram muitas garotas conquistadas, umas lindas, outras nem tanto, algumas até compradas pro "serviço". No fim, por melhor que tenha sido o sexo, por mais esplendoroso e prazeroso que tenha ocorrido, novamente aquela depressão profunda invadia sua alma.
Passou a desgostar do ato. Passou a esnobá-lo, aos poucos até esquecê-lo. O prazer, a cada ato, diminuía vertiginosamente. Tinha medo de sentir novamente aquela depressão. O sexo virara um ritual para confirmar sua masculinidade, saciar os desejos humanos, as vontades mortais. Mas nada mais. Apenas isso: um ritual. Pensava que estava enlouquecendo, que estava ficando impotente ou algo do gênero, e fazia mais sexo pra verificar se a masculinidade estava em dia, mas tudo o que conseguia era chafurdar na mesma lama, e cada vez mais e mais fundo. Chegou ao fundo do poço. Tornou-se insensível, frio, frígido.
Então, na sarjeta da emoção, parou de manter relações sexuais. Elas não faziam mais nenhum sentido. Nada fazia. Passou a ser um homem errante, um viajante gélido em busca de anda, apenas desejando seguir os seus passos, mal sabendo que andava em círculos.
Então, numa de suas voltas pelo centro da cidade, encontrara Juliana. A viu atravessando a rua, com seus cabelos balançando ao vento, seus quadris numa gangorra a cada passo, seu caminhar, como um anjo que por sobre as nuvens caminha, seus olhos, negros como a noite, mas não frios como esta: penetrantes. De fato, não era bonita como as outras mulheres com quem se relacionara nos últimos anos, mas de si emanava uma aura, uma energia, uma serenidade e paz que a pobre alma precisava: como um banho rejuvenescedor.
Quando as águas de sua presença banharam o interior de seu ser, ele procurou estar próximo dela, queria ficar junto da moça, ela o fazia sentir-se bem, tão bem quanto na infância, quando era um garotinha apenas. A presença daquela moça era reconfortante, sublime, quase divina. Ele não queria mais se distanciar dela, nunca mais. Decidiu, pro fim, conversar com ela, e dessa vez, se entregaria de corpo e alma.
Enquanto conversavam, aquelas águas sublimes jorravam em sua alma com tanta força e tamanha vitalidade e vivacidade, que ele sentiu seu coração bater pela primeira vez em anos. Sentiu a presença da vida em seu interior, pôde sentir o calor de seu espírito dentro de seu corpo: sentiu-se vivo novamente.
Marcaram um encontro, e ele percebeu que mesmo distante da moça, ainda se beneficiava dos poderes de sua presença, pois ela se fixara em sua mente.
Depois de alguns encontros, ocorreu o inevitável. No calor da emoção, no fulgor dos sentimentos, no ápice do amor, seus lábios se tocaram de forma especial. Como uma eletricidade percorrendo cada nervo de seu íntimo, a cada toque, cada mordida leve nos lábios um do outro, cada íntimo sussurro no ouvido.
Suas mãos se entrelaçaram, ele sentiu que podia confiar nela, sentiu que queria ter mais próxima a presença de seu espírito, ele sentiu que era a hora, a hora da sua primeira vez.
As mãos, déspotas, sem freios, encontravam lugares do corpo da menina, assim como as dela exploravam seu corpo, e a cada toque, sentia a frialdade de sua alma ir para o espaço, sentia que o amor, aquele sentimento poderoso entre os dois, estava quebrando o gelo de seu ser, despindo seu espírito das armas e armaduras que ele usara para proteger-se dos constantes ataques de seu dono, que queria corrompê-lo.
E fez sexo, mas o fez como nunca antes o havia feito: fora a primeira vez, de verdade. Seus lábios pareciam um só, sem se separar por nenhum momento. Seu corpo sentia o corpo da moça, seus espíritos, suas almas, seus seres, se fundiam como um só, bem como seus corpos. O equilíbrio entre corpo e alma estava estabelecido: ela não tinha motivos para entrar novamente em reclusão, estava em paz com seu dono.
Mais uma vez, fez amor desmedido, sexo bom, frenético, carinhoso, intenso, delicado, vivaz, respeitoso. Frêmitos eram pronunciados em seu ouvido, enquanto seus corpos se uniam, cada vez mais profundamente, mais, mais, mais...
E o orgasmo, que sensação maravilhosa! Não mais houve aquela depressão, aquele anti clímax, aquele abismo emocional, mas sim um soerguimento de seu astral. Agora, suas almas eram uma só.
E então ele entendeu que o sexo é como um compositor detalhista e delicado, que aprimora a belíssima canção do amor, entoada em alto brado pelas almas e, logo, não deveria-se compor uma música que nunca seria cantada.
Juliana acordou ao seu lado, e envolveu-lhe em seu abraço quente, que agora facilmente tocava sua alma. Ele sorriu. Eles se beijaram. E o rádio anunciou, sob a voz do Roupa Nova:
"Vem, fazer diferente, o que mais ninguém faz
Vem, conquistar meu mundo dividir o que é seu.
Faz parte de mim, me inventa outra vez
Só eu e você,
Linda, só você me fascina
Te desejo, muito além do prazer
Linda, nunca mais tenha medo,
Pois quem ama, tudo pode vencer."

Vida alva

domingo, 12 de julho de 2009

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Depois de um tempo orbitando por locais distantes da internet, torno à segurança de meu blog, a fim de trazer uma reflexão, cujo começo não tem nada a ver com minhas divagações e devaneios da itnernet. Por isso, vou para outro parágrafo.
Cheguei. Agora, começo a pensar na vida, após um tempo assisitndo a maravilhosa (na minha opinião) minissérie da globo SOm & Fúria, como proposto na minissérie sobre o teatro. O teatro é um espaço vazio, o qual devemos encher com o máximo de emoção, com Som e com fúria. E, afinal, posso traçar um paralelo com a vida. Ora, o que é a vida, senão um grande espaço vazio, no qual podemos insuflar nossas emoções e percepções? Nossa vida é como um grande palco: um palco inicialmente vazio, mas que, no decorrer da peça de nossa existência, vai sendo habitado por atores que emocionam, que jorram ali sua energia, sua emoção, seu som e sua fúria, diante da melhor e mais emocionante plateia de todas: nossa alma. A cada cena, devemos ter cuidado com o que falar, o que dizer, o que propôr à exigente plateia: um passo em falso, e podemos estragar todo o espetáculo.
VIva a vida como se esta fosse um espaço em branco. VOCÊ DECIDE O QUE VAI SER APRESENTADO, afinal, como dizem por aí: a festa (ou seria peça?) é sua!

cela

sexta-feira, 3 de julho de 2009

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Toda vez que saio
Me tranco na prisão do mundo.
Quando me tranco, bate e dói uma saudade...
Uma vontade de voltar.
Chego em casa, uma cela solitária.
Vejo o sol nascer quadrado todo dia,
Vejo a vida passar por meus olhos cada instante,
Vejo o que poderia fazer, mas está tão, tão perto,
Mas tão tão distante.