Sobre precipícios

quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

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O que é ser humano? O que significa, para você, sentir alguma coisa? Ultimamente, estas perguntas vêm permeando constantemente minha cabeça. O quão delicada é a linha tênue da relação interpessoal, por mais forte que esta relação seja? Ao lidar com seres humanos, ao manusear esta linha, será que nós somos sensíveis o suficiente para não causar-lhe nenhum dano? Ou será que qualquer ação que fazemos, qualquer atitude que tomamos é suficiente para feri-la? EU sei, eu sei... Muitas perguntas, pouca explicação... Vamos lá, então.
Ultimamente, toda a minha vida tem girado em torno de um único ponto, em torno de uma única decisão: pular ou não pular do precipício. Ok, não, eu não vou pular de um precipício real, é apenas uma metáfora. Mas venho me sentindo assim por um longo tempo: pular ou não pular. Essa dúvida vem devagar, como uma doença muito sorrateira: a principio era apenas algo que me distraía; agora, está no ponto de ser a foco das minhas atenções. Pular ou não pular do precipício? Pular ou não pular?
Desejo muito pular, muito mesmo. Meu coração todo anseia há muito tempo por este salto, esta atitude: quero pular! Mas ao mesmo tempo, pular do precipício significa vencer o maldito frio na barriga que me bate, toda vez que penso no assunto. E esse frio na barriga, vem acompanhado de uma culpa mortal: pular talvez vá me fazer feliz mas isso custará muitas lágrimas de pessoas que amo muito. No entanto, simultaneamente, desistir de dar o salto, significará igualmente tantas lágrimas de pessoas que também amo muito... Infelizmente, à beira do precipício, você tem duas alternativas: pular ou não pular. Uma anula a outra: pular é deixar de não pular; não pular é deixar de pular! Mas o que fazer, então?
O que o ser humano faz quando qualquer das alternativas causa sofrimento? EU, pelo menos, sinto-me levemente miserável, por vezes sinto-me fadado a um destino cruel, e a tomar decisões mais difíceis que todos. Chego a perder a fé. Por Deus, tive muita vontade de terminar com tudo e fazer uma enorme besteira, e ir contra todos os meus princípios. Mas então eu ouvi uma música. Li um livro. Conversei e ri com amigos. Rezei um pouco.
Então, uma voz de um velhinho e uma moça falaram dentro do espaço das minhas lembranças. As vozes provocaram tal reação em mim, me encheram com tal paz, que eu chorei. As lágrimas pareceram lavar todo aquele denso nevoeiro que estava prensando minha alma. Minha mente se fez decidida, firme e forte de novo. Agora estou bem. O frio na barriga ainda está presente, mas me sinto cada vez mais pronto para enfrentá-lo. Sei que sempre posso contar com aqueles que nos guiam e observam de perto nossas vidas, estando sempre lá, em todos os momentos. E eles me mostraram que posso também sempre contar com minha família, mesmo que eu (e ela) achemos que não.
Não sei e todos vão entender isso. Na verdade, esta postagem não foi feita para ser boa. Nem de longe. Cheguei a pensar se deveria ou não postá-la. Mas enfim, aqui ela está. EM breve farei uma boa. Mas nunca se sabe quando eu serei aquela chamada à realidade de que eu mesmo tanto precisei.
Obrigado. Vou pular.

"...E a peça termine, sem apalusos"

sexta-feira, 26 de novembro de 2010

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Acho que se tornou meio que uma mania minha dizer que faz bastante tempo que não venho aqui, porque praticamente todo texto que posto começa desta forma. Para não quebrar a tradição: nossa, faz bastante tempo que não venho aqui! Aliás, tradição é justamente o tema que venho trazer para encher o saco de vocês dessa vez.
Pergunto-lhes, agora: você considera tradição uma coisa boa? Reflita sobre tradições e pense se manter uma tradição é algo benéfico ou não, pense se vale a pena dar espaço ao novo, e esquecer, pelo menos parcialmente, as tradições.
Encaro vocês como meu divã particular (mesmo que não tenha ninguém lendo este texto, considero a internet em geral como meu divã particular) e venho expor aqui um mal que vem atormentando a minha vida há um tempo: a falta do teatro. Dia desses, estava conversando alguma banalidade com a Marcela e o Renato, quando, de repente, me veio à cabeça uma cena muito antiga, absolutamente do nada, algo que tinha preso no emaranhado desorganizado do meu subconsciente.
Eram quase cinco horas da tarde, e estávamos lá nós, parte dos alunos do primeiro período formando um círculo perfeito. Um homem de cabelos encaracolados que sempre me lembrara Chaplin (até então não sabia porque) estava na minha frente, gritando sílabas sem sentido, ao que a roda de alunos, a uma só voz, o imitava. "Aia-pá-pá, aiá-pá-pá... guli-guli-guli-guli-, pá-pá" e fazia uma dancinha coreografada. A cena era cômica, e o único sentido dela era este: ser cômica e desinibitória. Estávamos prestes a fazer nossa primeira apresentação "em público" (o resto da turma estava sentado na plateia).
Após a descontração, pegamos cada um um texto para ler. Lembro-me que peguei um trecho de Walcyr Carrasco, em Vida de Droga (hoje leria algo como 'A vida é uma droga?'). Lembro-me que cada nervo do meu corpo estava focado em perceber, de antemão, as nuances e pausas do texto. Cada fibra do meu ser se focalizava em adivinhar qual seria o ritmo e a intensidade da cena. Foi uma situação de tensão, as pessoas todas me olhavam. No fim, quando lei o ponto final, respirei aliviado, foi quase um orgasmo. A sensação de bem estar subia da ponta dos meus pés (porque eu sentia o tato dos meus pés no chão) até o alto da minha orelha (e ouvia tudo ao meu redor), me consumindo numa espécie de taquicardia controlada que me causava um frenesi intenso. Estava pronto, pronto para fazer a minha primeira cena verdadeiramente complicada.
O nome, lembro-me até hoje, era grande, e nos dividimos em quatro (eu, Natalia, Bruna e Pedro) para dizê-lo completamente: "Coronel mostarda, com o castiçal na cozinha. Quem matou com o catchup na varanda?" e então fomos todos para o camarim, para dar início à peça. Lembro-me que alternava de papéis: hora o empresário assassinado (onde eu vestia calça jeans, uma blusa preta e cabelos esbranquiçados de talco) e hora o filho do empresário (onde eu ficava de joelhos, de short amarelo, camiseta regata e um boné virado pra trás). Natalia era minha mãe/esposa. Lembro-me que tinha por volta de quarenta segundos para trocar de roupa, era uma correria danada.
Bom, inicialmente, a peça era pra ser um drama, mas devido aos pequenos erros aqui e ali, e os improvisos inevitáveis, no fim sentimos que o melhor clima para peça era mesmo a comédia. Tempos bons, tempos muito bons onde rir era tão fácil, tão natural que me esquecia como era triste a vida sem o riso. E ali, ao fim da cena, senti que algo havia mudado dentro de mim. Algo que me infectava desde o início do período definitivamente dera seu golpe final. Estava terminantemente infectado pelo vírus do teatro. E dali pra frente foram muitas aventuras. Teve o segundo período, em que infelizmente não tive a sorte de ter aula com Aramis, mas aprendi bastante, no terceiro período, participei do "Marido, Mulher e Amante", primeira grande apresentação, em que fiquei com os nervos à flor da pele, e acabei curtindo um pouco menos; e, no período seguinte, "Aventuras de hotel" texto de João do Rio, em que interpretei o velho Senador Gomes, com suas sobrecasacas imundas. Neste período, tive a grande honra de conviver mais de perto com meu grande mestre, e aprender com ele muita coisa. Foi, definivamente, o melhor semestre da minha vida no teatro.
Por último, ainda teve o grande desafio: a despedida do Aramis. Momento triste, mas que queríamos coroar com chaves de diamantes. O desafio foi: sair do palco e ir para o outro lado, dar uma de mini-diretor. Grandes dificuldades do desafio: era uma turma de primeiro período, que nunca tinha trabalhado texto com falas; começamos a ensaiar as duas peças uma semana antes; tivemos que adaptar nada menos que "A Cartomante", de Machado de Assis. Aquele dia eu entendi o que o Aramis sentia quando nos vê no palco. Além de um reflexo do nosso próprio esforço e desgaste das cordas vocais (com os gritos de "fala pra fora", "fala devagar", "agora mais rápido", "o rosto costuma ser mais expressivo que os glúteos!"), é perceber que, mesmo num tempo muito curto, mesmo contra as adversidades, o esforço e o trabalho em equipe, a união de pessoas dedicadas a um bem maior, pode mover montanhas, e fazer milagres. O pessoal foi um sucesso, "A cartomante" e "O Noivo" ficaram lindos.
Mas infelizmente tudo acabou. Aramis saiu do colégio, as luzes do auditório se apagaram para o teatro, e o silêncio e a frialdade de assuntos materiais e chatos agora é o que domina aquele lugar. O espírito dos ex-professores de teatro mortos em baixo do palco foi totalmente apagado pela frieza das reuniões de comitês, ou das reuniões do administrativo do colégio. Aquele lugar, que antes exalava arte e vida por todos os cantos, agora só reflete o vazio e os fantasmas de um passado glorioso e nobre.
Não há mais luz. Não há mais som. O colégio não é mais o mesmo. A vida não é mais a mesma. Agora só resta o vazio.
E com lágrimas marejando os meus olhos me despeço, refazendo a pergunta que antes tinha feito: será que vale totalmente a pena abraçar o novo e as mudanças, e suprimir as tradições?
Ficam minhas lágrimas verdadeiras. Fica um grande abraço.
Ficam também, Aramis, minhas saudades, e o meu voto de que sua vida siga sempre em frente, e que você continue a contagiar as pessoas ao seu redor com essa alegria e vontade de viver, e que você tenha muito, mas muito sucesso.

"A vida é uma peça de teatro que não permite ensaios.
Por isso, cante, chore, dance, ria e viva intensamente,
antes que a cortina se feche
e a peça termine, sem aplausos."
Charles Chaplin

Calvin & Haroldo - A história do quatizinho

domingo, 10 de outubro de 2010

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Não vou falar nada, só vou deixar as palavras de Alexandre Inagaki inudarem vocês...
De:
http://www.interney.net/blogs/inagaki/2008/12/08/as_mais_belas_tiras_de_calvin_e_haroldo/

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"De todas as histórias criadas por Bill Watterson entre 1985 a 1995 estreladas por Calvin, um garoto hiperativo de seis anos de idade, com imaginação fértil, e Hobbes, seu tigre de pelúcia com nome de filósofo inglês que foi rebatizado como Haroldo aqui no Brasil, a minha predileta é aquela que ficou conhecida como "The Raccoon Story" (a "história do quati"). (Clique nas imagens para vê-las por completo)

Esta seqüência de tirinhas, publicada originalmente em março de 1987, é a maior prova da capacidade que Bill Watterson possui de transformar uma HQ cômica em um veículo capaz de invocar emoções e pensamentos filosóficos de uma maneira comovente e inesperada. Não foram poucas as pessoas que conheço que me disseram que choraram ao acompanhar esta história do quatizinho.
Eu estou chorando porque aqui fora ele se foi, mas ainda continua dentro de mim". A frase com a qual Calvin resume sua compreensão intuitiva acerca do maior mistério de todos é para mim uma das grandes frases da literatura de todos os tempos. É uma pena que Bill Watterson, após ter deixado de fazer as tiras de Calvin & Haroldo em 1995, não tenha publicado mais nada desde então."
Alguém se candidata ao cargo de chorão? _O/

"Então, vamos falar de Vagina..." - uma visão realista que mais se parece pessimista sobre o assunto político

domingo, 3 de outubro de 2010

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Nestes tempos de eleições, aparentemente toda a comunidade virtual se vê inundada com opiniões e sensações políticas diversas. Uns apoiam a Dilma, outros o Serra, alguns ainda apoiam a Marina, e até o momento não vi ninguém querendo Plínio pra presidente. Bom, em todo esse momento, acho que raramente expus minha opinião política, até porque não acredito em política mas agora vou expressá-las a vocês.
Odeio política. SIm, odeio política, e a odeio por diversos motivos, alguns dos quais não consigo expressar em palavras, simplesmente sinto uma repulsa enorme ao ouvir este nome, e, sinceramente, não consigo contemplar-me um dia gostando ou acompanhando de perto o que acontece naquele ninho de patifarias e hipocrisias desvairadas.
Quanto aos motivos que talvez eu consiga explicar, um deles é que sou extremamente desconfiado. Tão desconfiado que acho impossível escolher um candidato, e por razões meramente racionais. Vamos à elas. Como escolher um candidato?
Analisando suas propostas? Se for através dos debates, tenho que dizer que acho risível a tentativa falha da mídia em tentar acalmar o grande gado que se contorce aqui de fora com um improvisado teatrinho de enrolações, ao melhor estilo tabajara, em que se configuram os debates, os quais, admito, só tentei assistir um (que valeram boas risadas pois foi a hora do Plínio mostrar sua 'opinião'), e que só servem para, no máximo, avaliar aquele que consegue melhor enganar o povo, e quem melhor vai saber arrebanhar o gado-população brasileira. Afinal, se algum dos queridinhos eleitores pegar a sua calculadora e tentar fazer as contas, vai ver que tanto o que Dilma, quanto o que Serra, quanto o que Marina querem fazer é virtualmente impossível, matematicamente. Então, vamos analisar suas propostas de campanha através do programa eleitoral, o horário político. Grande festa de brincadeiras: candidatos mentindo novamente, ao estilo tabajara de "seus problemas acabaram", e fazendo jungles e imagens bonitinhas em que tentam mostrar uma pose de sabichões-filântropos, abraçando e preocupando-se com a multidão. Minha pergunta é: onde estão os candidatos e toda sua preocupação fora da campanha eleitoral? Onde está toda a filantropia enquanto não há competição, enquanto não tem ninguém vendo? Simplesmente em lugar nenhum, pois eles só querem ser bonzinhos quando há algo em jogo: a sua entrada no jogo de poder político. Estando isto fora de questão, então, morram pobres. E se é desse jeito, o que acontecerá quando eles já tiverem o poder? "morram, pobres, o retorno", ou então a mostra, na cara do povo, de que tudo o que foi prometido, o eldorado jurado nas campanhas, era simplesmente fictício, ilusório, impossível de ser alcançado.
Não vejo uma maneira de avaliar sinceramente os desejos interiores, a essência dos políticos. Queria acreditar em alguém, mas tudo que vejo ao redor são pequenos ou grandes patifes, com menor ou maior capacidade de manipulação, todos querendo chegar ao poder para poder desfrutar de consequências benéficas a eles próprios, simplesmente. Então, o máximo que, no ano que vem, poderei fazer é escolher aqueles que, no poder, já se mostraram sim manipuladores e aproveitadores, mas que nisso fizeram alguma coisa, mesmo que pouca, de bom. Por isso Pedro Fernandes teria o meu voto, e o Lula, caso ele pudesse se reeleger (mas, infelizmente, nossa "democracia" não permite que a vontade do povo se manifeste, por mais de dois mandatos). Gabeira também teria o meu voto, por se tratar de um cara inteligente e que, pelo menos, não fica nos enganando com prometidos "chocolates suíços" quando, no máximo, podemos ter um "cacau apodrecido". Do resto, pra mim é um bando de intermediário confuso que não tem sentido algum, a não ser prorrogar e prorrogar licitações e leis.
Mas, por favor, parem de falar que a Marina vai nos salvar a todos, porque no instante em que ela pisar no planalto, ela vai sucumbir como os outros, e vai roubar da mesma maneira, uma vez que ela é humana, e política. Agora, o que ela faria em paralelo, eu não sei, mas sei o que talvez a Dilma fizesse, se o Lula realmente ficasse puxando as cordinhas por trás. E gosto disso.
E, por fim, agora que descarreguei toda minha frustração com um povo que não consegue entender o que foi dito acima, acho que uma boa proposta política pro próximo presidente, seria falar de vaginas, porque, afinal, é o que o povo quer ouvir, e é algo que está dentro da possibilidade das verbas. Nem que sejam artificiais. E, mesmo que esteja fora do orçamento (ainda não parei pra fazer as contas) ao menos terá sido uma enrolação bem mais aprazível do que tentar me enganar sobre "educação, saúde e segurança pública".
Tenho dito.

No Time

sábado, 25 de setembro de 2010

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Um lápis, uma mesa, um caderno
Me pergunto, meu Deus, cadê o tempo?!

Uma cadeira, de couro, e um relógio de pulso
Minha vida se organiza à minha volta,
E faço aquilo que mais amo na vida.

Mas uma foto, um livro, uma conversa
Me mostram que perco com isso, os maiores prazeres do viver,
Pois a contradição, bela fundação do universo caótico,
É a regra maior que dá o tom, e a graça, do viver, do saber, do viver.

Acordar

domingo, 29 de agosto de 2010

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Há um tempo, escrevi este pequeno post para um RPG baseado nas aventuras de JK Rowling, escritora da série de livros do Harry Potter. Fala de uma manhã do personagem Benjamin Baker, inventado, professor de vôo da escola. Se não gosta de fantasia, vai ouvir "Meteoro" do Luan Santana. Afinal, porque não sonhar de vez em quando?
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Por algum motivo, Benjamin estava extremamente nostálgico aquela manhã. Não sabia ao certo se era resultado da noite de sono conturbada, ou se fruto natural do aniversário de sua partida de Oxford, Oxfordshire. De qualquer forma, estava sentado em sua cama, sentindo cada parte de seu corpo apresentando os sinais inconfundíveis do início da velhice. Suas costas doíam, e sua cara parecia paralisada por algum feitiço da inexpressão. Seus olhos rejeitavam a todo custo qualquer raio solar que tentasse abusar de suas retinas, fechando as pálpebras ao menor sinal de sol. Seu rosto estava enrugado, não somente pelas marcas naturais de seus 51 anos, mas também por causa do sono que ainda não saíra de suas costas, e tentava o atrair para a cama como um demônio tentando-o para o inferno. Mas ainda havia em seu cérebro um mínimo de maturidade e responsabilidade que o fizeram, de alguma maneira, encontrar um fiapo de energia naquele corpo esgotado e forçar-se contra os gostosos e macios demônios de 67% poliéster e 33% de algodão.
Benjamin não dormira bem àquela noite. Seus sonhos estavam cada vez mais estranhos. Quando sua cabeça recostou-se na maciez de seu travesseiro, sua cabeça foi tomada por uma imensidão azul marinha e disforme, como um campo negro no meio do nada, com algumas névoas à altura de seu joelho. Ao fundo, podia divisar a silhueta de uma mulher, que o lembrou vagamente de alguém muito especial. Conforme andava em sua direção, a mulher tomava aparências mais velhas, mais velhas, e então cadavéricas, tornando-se nada mais que uma caveira de pé na névoa. Lágrimas caiam de seu rosto perplexo ao ver sua mãe ali, naquela situação deplorável à qual se reduziam todos os seres humanos, meros mortais. O mesmo aconteceu com seu pai, mais adiante. E então, Benjamin divisou suas feições em uma figura mais distante. Mas ele não queria chegar mais perto, sabia o que aconteceria se caminhasse até lá. Mas a figura veio de encontro a ele. Benjamin corria pelo campo escuro, fugindo de si mesmo, mas seu reflexo era mais forte, e cada vez mais velho, mais velho, e então putrefato. E assim, com a imagem de si mesmo alguns anos depois da hora fatal, o sol banhou-lhe os olhos na hora do amanhecer.
Benjamin recebeu a lufada fria do vento da manhã ao sair de sua ducha cuja água estava tão quente que o banheiro parecia mais palco da mais violenta queimada. A toalha de algodão percorria cada centímetro de seu corpo quando seus olhos azuis avistaram o espelho do banheiro. Mantinham-se fixos em algum ponto na base do espelho. Ficou ali um bom tempo parado, talvez por cinco segundos, admirando aquele ponto na base do espelho. O ponto era um relógio, cujos ponteiros estavam em um formato muito singular. Eles passavam uma informação peculiar a Benjamin. A mensagem era “Você precisa estar na orla da floresta em aproximadamente dez minutos para uma aula, senhor professor.” Súbito, a toalha foi deixada ao chão, e Benjamin iniciou uma corrida desenfreada pelo quarto. Do banheiro, seus pés o guiaram diretamente para a cômoda que, com diversos puxões e empurrões teve todas as gavetas abertas. De dentro da superior retirou algumas várias roupas de baixo, que caíram em cascata ao chão. Uma delas foi pega e vestida, seguida da calça jeans e da blusa negra estampada de Chaplin, um pensador trouxa cuja obra Benjamin era admirador fervoroso. Após um giro nos calcanhares, seguiu para seu guarda-roupa, removendo do cabide um blusão branco simples e liso, que foi praticamente empurrado por sobre o corpo do professor afobado. As meias foram postas às pressas também, e da mesma forma os tênis, pretos e simples. Saiu dali correndo, batendo a porta trás de si, mas não sem antes dar uma olhada para o seu aposento, extremamente desarrumado. As suas roupas de baixo pareciam ter explodido para fora da gaveta, havia blusas jogadas no chão a distâncias incríveis e uma infinidade de meias se alastrava como fungo, salpicando aqui e ali o quarto. Sabia que os elfos não entrariam ali, afinal havia várias meias pelo quarto. Ele deveria arcar com as conseqüências da sua desorganização, sozinho, mais tarde.

“E ainda vêm me perguntar por que minha barba é tão mal-feita!”

De como primos se tornam irmãos

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Há um tempo que estou com esse post encaminhado na cabeça, mas infelizmente ou felizmente, as coisas têm andado intensas no colégio e no trabalho, mas enfim, num domingo ocioso, a cabeça volta a funcionar e asboas lembranças voltam me atingir em cheio.
Venho falar de como primos se tornam irmãos. Simplesmente isso. Mas tenho motivos para refletir sobre isso justamente agora. Como a maioria das pessoas que escrevem esse tipo de coisa, uma experiência recente me fez parar para pensar a respeito: as férias escolares. Passei este período de ócio e relaxamento na casa de meu pai, aqui no Rio e então fomos viajar por um tempo para Saquarema, recanto paradisíaco dele, e lá nos encontramos com minha vó, sua mãe, com meus primos que moram com ela.
Não estamos mais naquelas maravilhosas idades infantis, em que as maiores preocupações da vida eram quantas brincadeiras diferentes poderíamos fazer em um dia de sol, ou de quantas maneiras diferentes poderíamos nos esconder num "pique-esconde", mas à nossa maneira curtimos bastante a estadia naquele lugar. Em meio à brisa fresca da varanda, conversamos sentados em cadeiras de praia sobre diversas coisas: falamos sobre trabalho, sobre a escola e a faculdade, sobre o rumo do pagode e o fim do samba, falamos sobre a vida do vizinho que deu vexame ao ficar bêbado e estragar a festa da família, falamos sobre garotas, sobre mulheres, falamos sobre a brevidade da vida, falamos sobre amigos e falamos sobre religião. Enfim, falamos em muitas coisas. NO entanto, à medida que as conversas passavam, fui percebendo que a pessoa que falava não era mais meu primo. Cada vez mais, meu primo se tornava meu irmão.
Na verdade, tenho que parar para esta observação: ele sempre foi meu irmão. DUrante um bom tempo da minha vida, fui filho único, e sempre o considerei meu irmão, mas ultimamente, nossa relação fraternal vem crescendo e se fortificando, a cada dia. E a cada dia mais, percebo que nós pensamos muito igual. Percebo isso bem quando vamos andar de bibicleta, quando saímos do recanto da casa para cair nas ruas de barro do local, e explorar, e descobrir as belezas que saquarema esconde. Sempre que nos vemos em uma bifrucação, ou numa encruzilhada, olhamos para as opções: a que tiver mais verde, a que tiver mais mato, nós vamos. Talvez há quem se pergunte porque disso, mas respondo de pronto: nós dois amamos a natureza, gostamos do visual do local, de estar em contato com todas aquelas belezas naturais. O cheiro do mato, a diversidade dos cheiros inebriamtes das diversas flores escondidas no meio da relva, provoca uma diversidade de sensações, que apenas contribuem para uma deliciosa memória olfativa, dos melhores momentos que passo com meu irmão mais velho, andando de bicicleta pelas ruas e pelas paisagens da saquarema, vislumbrando ao horizonte e por cima das folhas de taboa e capim navalha que permeiam os caminhos, o brilho dourado do maravilhoso pôr-do-sol.

Blues

terça-feira, 20 de julho de 2010

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Outro dia, estava passando pelos canais da televisão,num entediante fim de semana de férias, sem absolutamente nada pra fazer. FUi passando so canais, passou a fox, estava repetindo pela quincentésima sétima vez o mesmo episódio dos Simpsons; passei no universal, estava passando um filme qualquer que não me prendeu a atenção (era filme de ação, não gosto deste tipo de fime); passei pela Warner, estava passando também um filme estranho que nem parei para descobrir o gênero. Então, no talvez mais inusitado dos canais, algo me chamou profundamente a atenção: a TV Brasil, vulgarmente conhecida como o "canal 2". Quando aquele numerozinho pequeno, o primeiro dos números primos (certo?), o segundo número par do conjunto natural, o mínimo divisor comum de qualquer número par apareceu na minha tela, algo me prendeu a atenção, algo me fez levantar da cama onde estava, sentar-me e pregar meus olhos na tela: estava passando um showzinho de um cara, provavelmente num bar. Ele segurava seu violão com firmeza, marcava o tempo com seu sapato bege enquanto balançava a cabeça com a música. Não, amiguinho, não era axé music que ele tocava. Ele estava tomado pelo blues.
Devo agora uma explicação para isso, eu suponho. Se não, pule este parágrafo. Amo música, apesar de não conhecermuito sobre ela. Acho, no entanto, que a música é a exposição perfeita da sintonia da alma, uma maneira que os humanos encontraram de expressar através de vibrações mecânicas as vibrações que sentiam no íntimo de sua alma. Acredito ser a música a forma mais perfeita de comunicação entre os seres, pois através dela, e talvez somente através dela, você pode perceber exatamente o sentimentode uma pessoa. Infelizmente, há muita deturpação da música (ei-lo, axé music), que não passam de sucessões lógicas de sons ritmados e por vezes repetitivos, mas que juntos formam algo sonoramente agradável para uns(insuportável para outros), ao qual são introduzidas letras. Aí, devemos fazer uma outra observação: não posso dizer que não gosto de nenhuma música letrada, do contrário, gosto muito de muitas músicas desse tipo. Mas não é a mesma sensação que tenho ao ouvir uma música tocada daquela forma, daquele blues, e não poderia ser. Afinal, não há como traduzir a alma humana com apenas vinte e tantas unidades fonéticas, ou há?
Naquele instante, naquele momento, eu pude sentir que o homem improvisava sua música com o coração. Seus dedos, que deslizavam ágeis pelos trastes e pelas cordas em movimentos bem definidos, eram, naquele instante, meramente servos de suas sensações. Eram agentes transportadores das pulsações de seu coração. No improviso, ele permitia que as notas e os ritmos exprimissem as mesmas sensações que sua face, espelho de sua alma. Ele tocava com emoção, tocava música de verdade.
Ao fim do improviso, ele chorava. Talvez, na plateia que aplaudia, ninguem tivesse sentido o que ele sentira ou quisera transmitir; talvez, todos tenham deixado seus corações entrarem em sintonia com as pulsações e as vibrações da música que preenchiam o espaço do barzinho, e tenham sentido o mesmo que ele. Minha única certeza era que eu o havia feito, e acabara de passar por uma das mais incríveis experiências musicais e sensoriais da minha vida.Para minha surpresa, o bar era aqui no Brasil, no Paraná se não me engano.
Àqueles que gostam de axé music, desculpem-me. Mas aí via algo que vocês podem achar hipócrita ou contraditório: gosto de samba e pagodes antigos. Mas é aquilo: gosto, mas não me toca daquela maneira. Nem perto.
Agora, preciso ir no banheiro.

Randomicidade manipulada

segunda-feira, 12 de julho de 2010

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Desde que o mundo se conhece por mundo, as pessoas, em face ao inexplicável, ou admitem a ignorância ou criam entidades religiosas que, detendo todo um poder,não respondem dentro de uma lógica racional e, logo, oferecem uma explicação para o inexplicável. Ou os dois. Em geral, os primeiros são aqueles que tendem a racionalizar a natureza pura e unicamente sob os princípios da razão e da lógica; enquanto os segundos são aqueles que abrem mão de qualquer tentativa de explicação racional para os fatos da vida, entregando tudo às responsabilidades superiores de um ser místico. O problema, é que, em geral, generalizar implica aproximações que nem sempre são tão válidas assim.
Cada dia mais, cresce o número de pessoas "na berlinda", ou seja, religiosos cientistas, ou cientistas religiosos. (Sim, é muito legal ver como as palavras "cientistas" e religiosos" mudam ora de substantivo, ora adjetivo, eu sei) Cada vez mais, esses dois impérios a princípio distintos e heterogêneos, tendem a unir-se, seja sob uma ótica mais científica, das ciências quânticas, seja por uma ótica mais mística. De um jeito ou de outro, ambos falam exatamente da mesma coisa (e, aliás, os seres humanso tem um problema em reconhecer coisas que, por meios distintos, falam a mesma coisa, qualquer dia escrevo sobre essa discussão no assunto religioso): é possível unir ciência e religião.
Encontro-me exatamente no meio dessas duas forças (aliás, minha vida vem se encontrando no meio de campos de batalha que não me pertencem, fico sempre no meio, na linha de tiro de duas opções imiscíveis, porque, da mesma forma, não conseguem enchergar a maneira de unirem-se, as duas): a ciência e a religião. Acredito no seguinte, na verdade é algo bem simples: a ciência nos diz que os eventos estão sujeitos às probabilidades randômicas, ao acaso, que toda escolha implica a divisão em diversos mundos, cpm diferentes expressões na ressonância total do sistema: o que chamamos de realidade. OK, acredito nisso sim senhor. Mas, quem é que me garante que não tme alguém, ou alguéns, com maior ou menor intensidade, controlando esse acaso? Será que ao jogar um dado para cima, não teve alguma entidade mística que controlou, manipulou meu resultado "randômico"? E da mesma forma, saindo desse exemplo banal, ao ficarmos extremamente doentes, um caso ainda não previsto pela ciência e, de repente, nos curarmos pois nosso pâncreas expeliu uma quantidade anormal de enzimas que atacou as células reponsáveis pela anomalia, será que esse evento, totalmente aleatório não foi, na verdade controlado por alguém?
Aì, meu amigo, chame esse alguém de Jesus, Buda, Deus, Zambi, Shiva, Oxalá, Messias, Javé ou preto-velho! Ele existe, ou pelo menso eua credito que esse alguén (ou alguéns) existem. Tenho lá minhas preferências sobre como vou chamá-lo, mas sabe o seu Deus? Sabe seu Buda? è, eu acho que eles são irmãos. E assim eu vou, entre parênteses extensos e apostos engraçadinhos, trilhando o rumo da minha vida meio torta, mas, garanto, feliz.

domingo, 27 de junho de 2010

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Ando muito tempo fora daqui. Nem me recordaria a última vez que entrei no blog, não fosse por ela estar escrita aí embaixo. Mas faço-o por uma nobre razão: estudo, incansavelmente, e acabo sem tempo de entrar aqui para descarregar tdas as minhas opiniões. E pela vazão de comentários, provavelmente poucas pessoas estão interessadas nelas. Mas venho aqui insistentemente falar mais uma vez de algo. E esse algo poderia ser algo, além da escola?
Enfim, venho desabafar um tema que é assunto de debates intermináveis nos laboratórios e salas do colégio: os alunos.
Lembro-me de saber, há um tempo, de como era a vanguarda do colégio, através de uma palestra. Fiquei ali sabendo que o colégio foi fundado com muita raça, com muito suor e muita dor por aprte dos professsores. Éramos uma sala do CEFET, e ganhamos nosso prórpio campus, através da luta daqueles que não estavam interessados em posição, cargo, ou dinheiro. Queriam, sim, um colégio decente, e educação boa, e que pudesse propagar ao longo do tempo essa linda ciência que é a química. Os alunos, não há tanto tempo, foram ameaçados de fehcarem o colégio, e lembro que eles simplesmente se uniram e lutaram pela manutenção do colégio.
Infelizmente, hoje, não vejo essa identidade nos alunos. Eu, particularmente, acho que tenho essa identidade: amo aquele colégio de uma maneira que jamais pensei gostrar de um colégio: estou lá de 6 da manhã até s oito da noite, sem reclamar nem um instante. Me agrada, me da prazer estar rodeado pela química: aquela colégio expira um ar de ciência para todos os lados. É quase um êxtase entrar lá. Mas cada vez me sinto mais sozinho. O mundo dos tamancos, bolsas de grife, paletós, tecnologia e dinheiro, ganância e egoísmo invadiu nossa estrutura, e está ruindo vagarosamente o colégio de dentro pra fora. E fracos, ruiremos ao primeiro impacto externo e, acreditem, ele virá.
É a segunda turma de primeiro período que não consegue passar. Isso me leva a pensar se o problema está nos professores ruins, ou nos alunos desinteressados e esmotivados, ou na administração falha do colégio. COnheço bons professores de química geral, muito bons, por sinal, e a adminisração...bom...viva com isso...federal. Estou no sexto período (acabei de receber a notícia ^^) e sinceramente a falta de administração nunca foi um emepecilho muito grande, dá para sobreviver. O que nos leva aos alunos. Qual o perfil do aluno de primeiro período da federal? Será que é o mesmo de anos atrás?? Acho que não.
Temo em dizer que infelizente nosso colégio está ruindo, está caminhando para um fim muito triste. Não quero ver esse dia, porque sinceramente amo aquele colégio como minha casa. Meu sonho é ser professor de química orgânica de lá. Espero conseguir, e espero que ele esteja vivo quando isso acontecer.

Reflexão

sábado, 15 de maio de 2010

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Tenho parado pouco para refletir sobre a grande obra e sobre as engrenagens magnificamente complexas que regem todas as tendências da natureza, não escapando desta reflexão o próprio homem, como agente antropológico em si, e como misto de sentimentos, na sua mais profunda concepção.
Quando paramos de refletir sobre nossa existência e sobre nossos sentimentos, valores e ideais, deixamos de viver para passar a uma condição tola de pura exixstência, vazia e sem sentido, que torna a vida tão escatologicamente óbvia e previsível que perde-se a alegria e a graça do inexplicável, do extraordinário, e todas as coisas que tornam a vida a maravilha mágica que ela realmente é.
Tenho que abrir os olhos.

"História" viva na impressora

sábado, 24 de abril de 2010

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"Mas que m..."
Foi a primeira palavra que dirigi a minha impressora após semanas sem contato humano algum. Hoje, após tomar vergonha na cara (Lê-se: precisar imprimir o texto de história), recarreguei o cartucho, afinal o original custaria R$120, e, enfim, religuei a minha impressora.
"tchóóóóóóóóó´..."
Fez minha querida secretária de acrílico com circuitos, mas depois de dois segundos seu tom mudou para um "tchôôôôôôôôôôôô..." que eu nunca a tinha ouvido dar. No fim das contas, ela passou semanas sem ser ligada, deve precisar lubrificar, afinal. Então, abri meu word fui lá na manutenção e pus o sistema para lubrificar. Mais alguns minutinhos de espera e estava ela, ainda fazendo seu barulho de "tchôôô". Die de ombros.
Abri então o texto que não vejo há semanas, o tal do "A semente que semeais, outros colhem", e pus minha serva para imprimir o pdf.
"REVOLUÇÃO!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!", ela não puxava o papel. Como aquele pedaço de acrílico metido a besta ousava se interpôr às minhas vontades!? Pus novamente o papel para imprimir. Novamente, o papel girava num ângulo estranho e não descia, só de um lado. "Espertamente", depois de alguns trinta minutos estragando folhas de papel, percebi que o problema era que a maldita proletariada só estava puxando por um dos lados. Resolvi usar do método mais simples: meti a mão na pobre, enfiei até onde consegui e, de lá de dentro da parte de alimentação, puxei duaspiranhas há muito digeridas! Sim, piranhas, aqueles prendedores de cabelo, só que dos pequenos. Voltando à minha sátira implícita...
Abri novamente o documento, pus novamente minha serva para imprimir a folha. Dessa vez, o sublime e alvo derivado de celulose entrou no sistema, mas no meio do caminho dobrava e começava a engasgar minha trabalhadora servil! Como um digno burguês, nada fiz para ajudá-la, afinal se ela morresse...eu teria que comprar outra... Mais que subitamente, voltei alguns anos na sátira, retomei a escravidão e fui auxiliar minha escrava robótica. Após desligá-la, destravei o papel que ela tanto insistia em manter dentro de si, como sua carta de alforria. Usei de toda minha força para separá-los e, então, recomecei o trabalho, sem antes deixar de dar uma boa surra totalmente desnecessária na pequena escravinha.
Capital. Ah, como é doce o sabor do dinheiro. Hoje em dia, cada vez mais, o capitalismo corrói nossas cabeças, infundindo uma necessidade básica de uma "igualdade" de trocas, a criação do sistema monetário! E o sentimento é tão arraigado na sociedade, que minha proletariada robótica (sim, avancei mais alguns aninhos no tempo) deixou escapulir de dentro de si uma moeda de 10 centavos! OH, QUE ABSURDO!!!! ROUBANDO DE SEU SENHOR! SE OS TMEPOS FOSSEM OUTROS, VOCÊ ESTARIA NO TRONCO, APANHANDO, MALDITA CAIXA DE ACRÍLICO! Agora, vai ter que trabalhar mais, longa jornada de trabalho, para aprender a não mais me roubar!
E então imprimi o tal livro de história.
Esta história me ensinou três coisas:
- Preciso parar de tentar internalizar tudo que ouço nas aulas de história
- Preciso parar de relacionar todos os acontecimentos do cotidiano com isso
- Preciso parar de criar subterfúgios para não estudar história, como postar esse tipo de coisa no meu blog.

Encherto

quarta-feira, 21 de abril de 2010

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Se a lua jaze tranquila no céu
Se o mundo gira sereno na órbita do sol
Se os dias precedem as tardes
E estas, as noites frias e tristes,

Se o mar se choca em ondas contra a areia
Emoldurando a linda praia
Como cenário ideal para um amor sincero,
Terno, cálido, vivo,

Se as gotas de chuva caem
Agora sobre minha face
Escondendo lágrimas pesadas e tristes,

É porque te perdi, e sofro com a solidão do vazio dentro de mim,
Mas não por isso quero que a lua desapareça, o sol colapse ou a chuva deixe de cair,
Afinal, não fosse por isso, qual seria o sentido de ainda existir?

Branca de Neve

quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

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Gente! Quinze dias sem vir ao blog (caso meu afastamento da escola não tenha danificado a matemática de meu cérebro)! Bom, mas tenho explicações. Estava reletindo (pensando e existindo) sobre a criação de um novo marcador. Eis que vos apresento... Era uma Vez! Acho que vocês entenderão por si mesmos seu objetivo...
E tudo começa com... A branca de neve! (PS.: Criancinhas. Não leiam!)
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Era uma vez uma rainha que costurava no inverno bem próximo a uma janela muito negra, admirando a bela e alva neve. Perdida em seus pensamentos, sonhava ter uma filha que fosse alva como a neve, porque ela era racista e deserdaria uma filha negra; com cabelos negros como a janela na qual se apoiava e com os lábios vermelhos como o sangue que caía de seu dedo, o qual havia cortado com a agulha.
Essa rainha, depois de um longo tempo, teve uma filha, que nasceu segundo suas descrições. No entanto, a rainha morreu devido à infecção generalizada que adquiriu após cortar seu dedo com aquela agulha. O Rei, muito triste, decidiu chamar a filha de "Branca de Neve".
No entanto, como era homem e a roupa estava acumulando sobre a máquina de lavar, o Rei decidiu andr pelos bares da vida, procurando uma mulher apara saciar seus desejos. Encontrou uma rainha que tinha fama de ser má, mas que tinha os maiores seios que o rei já viu. Pensando tirar a sorte grande, o rei a levou para seu castelo e viveram suas vidas juntos.
Branca de neve adorava cortar o cabelo da rainha e riscar as paredes, mas a rainha nunca perdia o controle, porque sabia que criança que faz malcriação fica feia depois, e era isso que ela queria. A rainha sempre quis ser a mais bela. Para garantir, a rainha consultou seu monitor de quarenta e duas polegadas high definition com touch screen e acesso remoto á internet e digitou no Yahoo Answers: "Existe alguém mais bela do que eu?". Sua pergunta ficou sem resposta por muito empo, ocasionalmente, alguém respondia dizendo que sim, e que queria dez pontos pela melhor resposta.
No entanto, com Branca de neve no auge de sua puberdade, a rainha checou seus emails enquanto a Branca de Neve corria pela floresta. O que ela viu a fez estremecer: haviam respondido à sua pergunta no Yahoo Answers:
"Olha só, coroa. Desculpa aê, mas aquela Branca de Neve...Maió gostasa, mew!"
COm muita raiva, a rainha chamou seu criado que tinha licensa para matar e disse-lhe, ao pé do ouvido:
"Vá até a floresta e mate a Branca de Neve, tá ouvindo mermão? E traz o coração dela que eu quero fazer churrasquinho. E nada de chamá us ômi, morô?!"
Muito assustado, o caçador saiu dali e correu até a floresta. Ao alcançar Branca de Neve, o caçador mirou sua arma para ela, mas, extasiado com sua beleza, madou que ela corresse, e nunca mais voltasse ao reino, pois a rainha queria matá-la. Para enganar a rainha, foi até a passeata Gay mais próxima, tirou o coração de um membro e entregou à rainha, que o comeu, num churrasquinho na sua laje.
Branca de neve correu pela floresta, sem saber pra onde ir. Pensava em seu pai, e em toda a vida que havia jogado para trás, quando pisou em alguma coisa e caiu. Quando levantou-se, viu que havia matado uma anã! Tentando esconder as pistas, Branca viu em sua carteira onde era seu endereço, e qual era seu nome, e foi até sua casa. Chegando lá, encontrou um grupo de caminhas muito pequenas e, amaldiçoando aos céus por elas serem tão pequenas e duras, juntou-as e deitou.
Da mina, um bando de anões bêbados e viciados em heroína vinham cantando e fazendo arruaça por toda a vila. COM suas machadinhas, quebravam todas as casas e, ao chegarem na sua, viram que havia uma bela donzela deitada me sua cama. Branca de neve levou um susto e acordou, tentando-se passar pela anã que tinha matado, dizendo que um erro genético havia trocado o nanismo por gigantismo. Os anões, bêbados, caíram em sua jogada, e a mandaram fazer todos os serviçoes da casa e lavar suas cuecas borradas. Branca descobriu que estava se fazendo passar pela escrava dos anõs. Morta de cansaço, dormiu na cozinha, com o esfregão nas mãos.
Branca de Neve acordou com uma dorzinha na cabeça. Alguém hvia tacado uma maçã nelas. Lembrou-se que não comera até então. Quando ia morder a maça, ela viu um par de pezinhos atrás da cortina, tentando se esconder. Quando abriu-a, viu que era sua madrasta que estava ali atrás e, rapidamente, aplicou uma injeção de morfina em Branca de Neve.
Quando os anões acordaram, Branca de Neve estava deitada no chão, e um anão xingou, perguntando quem lavaria sua cueca que ele esquecera na noite passada! Carregando Branca, enterraram-na viva no quintal. Ninguém sabe ao certo de Branca acordou ou não, mas de qualquer modo não faz diferença. A otária está morta debaixo do chão, e a rainha se casou com um príncipe e ficou com os bens do pai. É isso.

Decifrando gestos simples

terça-feira, 26 de janeiro de 2010

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Primeiro, levante seu antebraço até que o mesmo faça um ângulo de 90º com seu braço. Isso talvez necessite um pequeno esforço dos seus bíceps. Tenha cuidado, pois sua mão deve permanecer perfeitamente alinhada com seu antebraço, pois se ela cair, isso pode levantar comentários sugestivos sobre sua opção sexual.
Agora, o passo é alinhar o dedão com seu braço, não deixando que seu antebraço se mova. Qualquer distorção do ângulo de 90º pode ser crucial. O próximo passo é o mais difícil: a mão deve estar numa posição tal que esteja ligeiramente côncava, mas sem que os quatro dedos (indicador, médio, o outro e o mindinho) fiquem muito na frente. Essa etapa exige delicadeza e uma certa experiência. Caso os dedos fiquem à frente, pode ser interpretado como um gesto agressivo.
Agora, mantendo todo o sistema já montado, movimente o braço para frente, evitando mover muito os ombros. Algumas pessoas se inclinam para frente, o que pode ser interpretado como um gesto de educação, ou de atiramente excesivo. CUidado com as pessoas ao seu redor. Quandos as duas mãos fizerem contato, faça uma pequena pressão com seus dedos. Pressões excessivas machucam, pressões leves demais são interpretadas como "pouco caso" para a pessoa.
Agora, faça movimentos leves e não entusiástivos com seu antebraço para cima (diminuindo o ângulo com o braço, que permanece na mesma posição) e retornando à posição original.
Tenha sempre o cuidado de apertar a mão direita do conhecido com a sua mão direita. Não recomendamos o uso da mão esquerda, sobretudo se seu conhecido usou a mão direita, pois isso pode causar situações constrangedoras. A fim de evitar confusões, os seres humanso semrpe apertam a mão direita.
COm a prática, o processo torna-se bem mais fácil, e alguns experientes até criam os chamados "apertos de mão secreto", que possuem variáveis. O primeiro aperto de mão conhecido é quando naquela pressão, uma das mãos soltam o mindinho e, com o auxílio do polegar opositor...

Mais uma do amor

domingo, 24 de janeiro de 2010

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O amor tem vezes de tigre. Veloz, intenso, ardente, por vezes feroz. Instala-se em nossos corações, e deles faz frangalhos, deixando um vazio, um ococ, necessitado de sua presença para não cair em completa solidão. E quando se vai...A dor, o vazio que se sente no peito, quase insupotável tristeza. Sabiamente dizem os chineses, que o ano do tigre começa com alegrias, mas termina em choramingos. è assim mesmo o amor. Intenso, bom, vivaz, mas quando acaba, sombrio, gélido e insuportável.
Dama, leva então meu coração contigo! Para que assim eu não precise viver tentando restaurar um espaço que nunca tornará a se preencher. Mas como há a rejeita, fico aqui, torcendo por diuas de tempestade, para que suas águas, caindo sobre minha face, escondam as lágrimas que de meus olhos brotam, impiedosas.
Adeus.

Horário, tempo

quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

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Depois de passar muito tempo sem vir no blog, admito, por pura preguiça, venho escrever um pouco sobre o tempo. E sobre a preguiça.
Porque o tempo, no sentido de horário, nada mais é do que a criação humana numa tentativa desesperada de organizar um universo que naturalmente é regido pela entropia, pelo caos. Basta pensarmos na utilidade de um relógio, por exemplo: marcar as horas. Aparentemente, um objetivo simples, mas aí fica embutido uma permissão a organizar seu dia: às sete eu acordo, ao meio dia almoço, às três tenho um compromisso com aquela gata, às nove janta, às dez, sexo com aquela mesma gata. Podemos perceber que o tempo como horário existe para nos controlar, para que nos deixemos reger pelas batidinhas do relógio. O horário não é de nossa natureza, os seres humanos não sabem o que é o horário. Basta ficar alguns dias sem um relógio para que percamos totalmente a noção de tempo, e que nossa rotina vá por água abaixo: as tarefas se atropelam, a gata te dá o fora e você tem que apelar. Esse é o retrato do caos, da ordem natural do universo.
Você pode dizer que sempre tivemos uma noção de tempo: do dia e da noite, por exemplo. Mas, novamente, dia e noite são criações humanas. Ora, quem disse que a noite é para se dormir, e o dia para executar as atividades? De novo, essa noção de dia (ativo) e noite (inatividade) é uma tentativa de organização básica e primitiva.
Para não ser injusto, é claro que po ser humano tem uma noção de tempo no sentido de sucessão de eventos que, de fato, seria uma interpretação rudimentar de tempo, mas não é a mesma coisa. Uma é dizer que às sete vou acordar, às nove tomar café e ao meio dia sair de casa. Outra é dizer que depois que acordar tomarei café e, então, sairei de casa.
O tempo, no sentido de sucessão de ventos, de decorrer, é um instinto humano, você pode perceber e sentir o tempo passando por você. Mas quando tentamos medir o tempo, criar escalas, padrões, quando tentamos organizar algo que é tão complexo, tão natural, ocorre que perde o sentido de natureza, ganha uma conotação artificial, ou seja, o horário. Basicamente, o horário é uma tentativa de medir, cotnrolar o tempo, que ainda hoje é um mistério.
A preguiça por sua vez, é a simples falta de vontade de deixar que o tempo ganhe alguma utilidade que exija de nós algum esforço. Mas isso fica para outra história.