"Não dá pra esconder, o que eu sinto por você, Ara!"

segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

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O dia começou incomum. Já a princípio era um dia excepcional, um dia fantástico. Não havia aulas. Para ir contra a rotina de todos os dias daquele semestre, naquele dia, exatamente, foi o primeiro dia de vários dias sem nenhuma aula. Isso porque a matéria estava acabada; os professores, acabados; os alunos, acabados; e o professor de física, sempre pronto para mais uma avaliação, segunda. Aliás, fui bem.
Mas aquela sexta-feira... Aquela sexta-feira prometia.
Na semana anterior, exatamente à terça feira, 14:30h, duas alunas do primeiro período me chamaram. O clima era todo de mistérios e segredos. Estávamos na ponta do corredor, meio isolados:
"Bruno, queríamso fazer uma cena pro Aramis. Na verdade duas. AJuda a gente?"
Meu pequeno Husk Siberiano teatral, animal incontrolável, fez-me dizer, pornto: "Topo". Mas a razão, aquela fresca metida a saber de tudo da consciência o fez advertir:
"Olha, vocês têm um grande trabalho pela frente, então. Em uma semana... Peças de vinte minutos demoram um semestre para serem ensaiadas..."
Mas a disposição era incrível, quase palpável à frente deles. Topei.
"Qual a epaç que vocês querem fazer?"
Elas já estavam saindo do corredor, iam andando para as escadas.
"Estava pensando em 'A Cartomante', do Machado, e mais um outro o que você sugere?"
PRimeiro, um choque: nunca tinha feito Machado na minha vida, e sabia que adaptá-lo seria bem complicado. Mas elas estavam tão determinadas, e porque não eu?
Sugeri Nelson, porque acho incrível, Aramis também e metade do mundo também. (A metade dele que já leu Nelson)
FOi uma grande semana. Todos os dias, praticaamente, de uma da tarde até as cinco e meia da tarde, ensaiando e cortando.
Me senti o Aramis, sentado naquelas cadeiras do auditório e falando: "Fala mais alto, projeta sua voz. Olha, faz isso isso e isso. Não, tira. Olha, você está na frente dela. pôs-lhe o veneno onde? AH tá!"
Então, de modo mais profundo, senti o que o Aramis vê de mágico no trabalho de dirigir. Mesmo de modo amador, pude ver algo que não passava de uma massa informe de textos e palavras narrativas, como um organismo, algo com vida própria, surgir na minha frente, grande, colossal, imponente e, sobretudo, magicamente belo.
No dia, nervoso como sempre, ajietando uns detalhes de última hora (o menino que não tinha decorado o texto, as jóias que foram roubadas , não pela Madame de Santarem. Isso é João do Rio. Estamos em Machado. E Nelson.) e, enfim, anunciei a peça.
FOi ÓTIMO! Os meninos e as meninas me surpreenderam MUITO. EU mesmo não achava que ficaria tão bom quanto ficou. Atestei uma crença em que vínhamso, eu e Aramis, discutindo a um tmepo: o poder da determinação. Com uma semana, o pessoal ensaiou duas peças, de dez minutos cada, um trabalho que em geral consome uns belos três meses para ser feito, ou mesmo seis. E COM ALUNOS DE PRIMEIRO PERÍODO, QUE PROPRIAMENTE NUNCA DECORARAM UM TEXTO E TRABALHARAM NUMA CENA FEITA!
Fiquei maravilhado e, espero, Aramis também. Depois teve o discurso, e o bate-papo depois da cena. E Aramis saiu do colégio. =/

Ê, mulato.

domingo, 20 de dezembro de 2009

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ÊÊÊÊÊÊÊÊÊ
Mulato que dança na lapa
Mulato que ginga, que salta
Mulato que um dia pretende,
Como todo dia, escapar
Da cilada que a vida insiste
Em quase todo dia jogá-lo.

Como vive mulato tão simples
A sorrir, e a sorrir? Sorrirá
Todo aquele que, tal o mulato,
Passar seu dia no rio a sambar...

Imagem copiada do Por uma Janela.