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quarta-feira, 30 de julho de 2008

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Que se ferre e se arrebente feio a intolerância religiosa, uma das piores pragas da humanidade.
Onde já se viu, não aceitar um irmão??Rejeitar uma religião, só prque não é a sua?
Ah, vá àmerda! e com crase!

Olhar

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E lá vinham eles...
Eram dois...Castanho-escuros, penetrantes. Perfeitamente alinhados. Misteriosos. Podiam e sabiam muito bem esconder a personalidade de seu dono.
No caso, era suA donA.
Ela, por sua vez era alta, na verdade minha altura, morena, uma bunda grande, mas nada absurdo...Na verdade o tamanho era perfeito, o mesmo com os seios, nada bruto...Era perfeita.
Seus braços pareciam feitos de seda, delicados, quase angelicais...
As pernas faziam um balanço que atiçava qualquer ser vivente. E estas também eram perfeitas: grandes, ao mesmo tempo delicadas; balançantes, ao mesmo tempo sutis.
E sua presença era doce, quase diabética, porém, assim como o resto do corpo, sutil. Tanta sutileza que poderia parecer enfadonha era tão perfeita que não admitia tal sentimento.
E toda aquela perfeição viarava a esquina. No último instante, uma penetrante olhada com aqueles olhos castanhos.
Então meu olhar acompanha sua dona, sem vê-la, mas ainda assim tentando perfurar os muros que os separavam. Ando em direção à esquina. Quando vou me virar caio da cama.
A queda doeu bastante porque estava ereto e caiu de frente. Doem um pouco, mas só.
E fui remover a capa de ontem que cobria meu corpo com as gélidas águas matinais, pensando na tal dona do meu olhar.

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terça-feira, 29 de julho de 2008

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Porque eu tenho que seguir as regras impostas por uma sociedade que é influenciada pelas tendências de gente que mata a gente?

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quarta-feira, 23 de julho de 2008

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Você
Brilhante você!
Que emana sua aura sobre nós,
Que nos enche o espírito
Com tua luz especial.
Tu vieste e me tiraste da escuridão,
Ofereceu-me tua mão
E agora sei que juntos caminharemos
COm destino incerto,
Mas caminho definido.
Estar junto de ti me faz bem,
Afasta os demônios da solidão,
Tristeza e lamúria.
Com um arrepio na espinha,
Um sorriso e um bem-estar.
Você,
Infelizmente preconceituada
E, mais pesarosamente ainda,
Deturpada por quem lhe segue,
É e será minha guia
Até o incerto belo destino.
Através de ti seguirei para este,
Embora saiba que existem tantos outros meios,
Mas te escolhi porque você me faz sentir bem,
Você me faz estar bem e ficar melhor ainda.
Melhor do que eu era.
Evoluindo.
Quero que saibas quem sou eu,
Porque sei quem tu és
E isso basta, pra mim.
Meu amor por ti é claro,
Mas infelizmente velado, por enquanto.
Porém declarado a quem quiser ouvir:
"EU TE AMO, E SEMPRE TE AMAREI!"
Seguirei com você a partir de breve,
Mas, enquanto sou impedido de gritar,
Deixo claro meu amor
E devoção:
"Te amo, Te amo, Te amo"

Leão

quinta-feira, 17 de julho de 2008

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Conheci aquela garota num bar na zona sul enquanto me recuperava de uma forte ressaca causada, em partes por meu extinto beberrão, em outras por causa de Célia.
Célia me deixara 1 semana antes da ressaca, e neste período era dia com e dia sem ressaca, alternando sempre. Nunca aprendi a parar.
E estava trêbado quando vem: morena, cabelos até os quadris, negros, brilhantes e balançantes à brisa do mar da praia de copacabana. Seu andar parecia tão leve que eu juraria que instalaram uma esteira no chão sem que eu visse( e no estado em que eu estava era bem possível).
Ela olhou para mim e fez cara de sorriso. Sinceramente ainda creio que seja por educação, porque eu não sou galã de novela das oito, e chego longe de ser atraente. Havia uma semana não cortava a barba e provavelmente fedia a cachaça e cerveja. Sim, era por educação.
Ela sentou duas mesas adiante. De súbito todos os garçons quiseram atendê-la, o que resultou numa cena cômica, ou pelo menos risível.
Crio coragem(o que depois de uma garrafa de pinga e mais de uma caixa de cerveja é tão fácil quanto morrer de cirrose dali a dois dias) e vou até sua mesa, com a desculpa de tê-la conhecido algum dia.
Ela olha para mim, agora vi que seus olhos eram um castanho penetrante:
_Sei que isso é uma cantada, sei que você está bêbado, sei que sou gostosa, e sei que sou prostituta. Cobro 1 galo por uma rapidinha ali em cima sem conversas. Vai querer?
Se às minhas costas não estivesse uma parede eu acharia que tinha um pirralho brincando de encostar gelo pela minha espinha e barriga.
Esta última frase que ela deu me gelou tanto que eu simplesmente balbuciei algo que ela interpretou corretamente como um "Quero" ou algo do gênero.
Ela me puxou pela mão e me levou até um quarto de hotel não muito distante dali, me beijou e simplesmente foi arrancando minha roupa e a dela. E daí vocês sabem: fizemos sexo por mais de 3 horas e de todas as maneiras que eu conseguia imaginar e até um pouco mais, alcancei o auge do prazer umas 5 ou 6 vezes, estava morto de cansaço quando terminou, suando em bicas e com aquele leão lindo, feroz e dolorosamente podre em meu peito, recostada, dormindo.
E agora aqui estou eu: a manhã chegou, ela não acordou ainda. Está na mesma posição.
Me levanto de vagar, me perguntando porque uma mulher tão linda, tão brilhante poderia se rebaixar àquele ponto!
Deixo em cima da mesa dois galos, um deles escrito em caneta:"Cuide-se. Você merece mais que isso". Por isso eu queria dizer não que ela fez um estupendo trabalho e merecia 300 mangos, mas que ela merecia mais do que aquela vida para ela.
Deixo também meu telefone, quem sabe ela não seria a próxima a ocupar o lugar de Célia em meu coração, se ela tomasse tenência?
Ao pensar em Célia minha cabeça deu uma forte alfinetada. Maldita ressaca. E saí porta afora daquele hotel, caminhando pela praia, pensando em Célia.

Eu te avisei

quarta-feira, 16 de julho de 2008

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Faze o que quiseres,
Só não digas que não te avisei
Quando os intolerantes fantasmas da conseqüência vierem
Assombrar teu sono com aquele
Som, ao pé do ouvido, dizendo
"Eu te avisei"
E não vem sob minha janela, implorando um ombro amigo
Que te direi o mesmo, talvez duas vezes
"Eu te avisei, eu te avisei"
E esteja dito.

Nosso sonho_Buchecha

terça-feira, 15 de julho de 2008

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Especialmente para Thalita, Natálias(as duas rs), Bruna e Bruno...Eu mesmo...E para Aramiss que provavelmente aturou nossa "cantoria" melhor do que a moça da secretaria que tapou nossos sonhos de cantar até ficar roucos...Conclusão: ela mandou a gente parar...Foi triste...
Ah e Natália Dantas: a palavra é adjudicar e desditoso...

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Naquele lugar, naquele local era lindo o seu olhar/Eu te avistei,foi fenomenal/Houve uma chance de falar/Gostei de você quero te alcançar
Tem um ímã que fez o meu hospedar
Nossas emoções, eram ilícitas
Que apesar das vibrações, Proibia o amor em nossos corações
Ziguezaguiei no vira, virou você quis me dar as mãos, não alcançou
Bem que eu tentei, algo atrapalhou a distância não deixou
Foi com muita fé, nessa ilustração,que eu não dei bola para a ilusão.
Homem e mulher, vira em inversão bate forte o coração
Tumultuado o palco quase caiu Eu desditoso, e você se distraiu.
Quando estendi as mãos, pra poder te segurar,já arranhado e toda hora vinha uma,
A impressão que o palco era de espuma.
Você tentou chegar, não deu pra me tocar.
Nosso sonho não vai terminar.Desse jeito que você faz.
Se o destino adjudicar esse amor poderá ser capaz, gatinha.
Nosso sonho não vai terminar.
Desse jeito que você faz. E depois que o baile acabar,
Vamos nos encontrar logo mais.
Na Praça da Play-Boy, ou em Niterói.
Na fazenda Chumbada ou no Coez.
Quitungo, Guaporé nos locais do Jacaré.
Taquara, Furna e Faz-quem-quer.
Barata, Cidade de Deus, Borel e a Gambá.
Marechal, Urucânia, Irajá.
Omosmorana, Guadalupe, Sangue-areia e Pombal
Vigário Geral, Rocinha e Vidigal
Coronel, mutuapira, Itaguaí e Sacy.
Andaraí, Iriri, Salgueiro, Catibiri
Engenho novo, Gramacho, Méier, Inhaúma, Arará.
Vila Aliança, Mineira, Mangueira e a Vintém.
Na Posse e Madureira, Nilópolis, Xerém.
Ou em qualquer lugar, eu vou te admirar.
Nosso sonho não vai terminar.Desse jeito que você faz.
Se o destino adjudicar esse amor poderá ser capaz.
Nosso sonho não vai terminar.
Desse jeito que você faz. E depois que o baile acabar,
Vamos nos encontrar logo mais.
Os teus cabelos cobriam os lábios teus
Não permitindo encontrar os meus.
E você é baixinha, gatinha eu vou parar
Mas tudo isso porque eu me sinto coroão.
Tu tens apenas metade da minha ilusão.
Seus doze aninhos permitem somente um olhar.
Nosso sonho não vai terminar.Desse jeito que você faz.
Se o destino adjudicar esse amor poderá ser capaz.
Nosso sonho não vai terminar.
Desse jeito que você faz. E depois que o baile acabar,
vamos nos encotrar logo mais gatinha!nosso sonho não vai terminaaaar!

Vaca contemplativa

domingo, 13 de julho de 2008

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O que vou contar é nojento, podendo, para alguns, chegar ao ponto de ser cáustico, nocivo, ou pior: desnecessário.
Mas...Idéia é idéia e esta não podia passar.
Desculpas a alguns, mas, se serve de consolo: não gosto do aroma.

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"ONOMATOPEIA" fechava a palavra-cruzada no quadro :"Figura de linguagem em 'vento lambia minhas pernas'". Fora uma barrigada de arrepiar, estava realmente apertado. Mas era, infelizmente, totalmente inoportuna, já que a vontade de defecar ocorrera durante o ato sexual, bem na hora H. Chegou a ser cômico: "Ah!/Puts!" E estava lá no banheiro.
Palavra-cruzada terminada, era hora do banho, afinal era rapaz decente e tomava banho toda vez que a natureza o solicitava.
Entrou em baixo do chuveiro. A água estava fria. Deu uns pequenos pulinhos, com medo de estabacar-se ao chão. Certificou-se muito bem de lavar cada canto e fresta de seu corpo: da cabeça aos pés, passando por trás das orelhas, narinas, entre as pernas e, principalmente a tal região anal. Duas vezes.
Pensava a todo instante que aquilo era culpa daquela carne que comera ontem no jantar. A vaca agora estava cheia de fúria e interrompeu seu ato de prazer que lhe era restrito a uma ou duas vezes por semana por estranhas e fortes dores de cabeça. Em sua esposa.
Saiu do "box". Pegou a toalha. Enxugou cada fresta de seu corpo, excluíndo-se a região anal, já que não era muito prazeroso, para ele, passar na cara o que passou em seu ânus. Estava todo seco, exceto nos fundilhos, e passou a toalha limpa e branquinha. Sabe-se Deus como, a toalha voltou com uma substância pastosa e marrom. A vaca furiosa contra-ataca.
Ficou tão embasbacado com a situação que ficou olhando para aquela maldita vaca que o contemplava em todo seu esplendor por alguns instantes. Quando voltou a si, pensou: " Puts, como vou sair carregando esta maldita vaca do banheiro?". Sentia vergonha. Decidiu sair do banheiro e lavar aquilo no tanque, antes que a mulher o visse. A tal mulher tinha nojo e pavor e sempre dizia que bastava um frenada na cueca e "bye-bye" relacionamento. "Bye-bye" casamento, companhia amorosa e sexual.
Abriu a porta e quase pulou ao ver que existia mais algo contemplativo ali além da vaca: sua esposa. A toalha foi pra trás. Estava nu.
_ Porque você não cobre seu corpo?
_É...Vou...experimentar...sim, experimentar o nudismo. Quem sabe não é uma boa?
_Nudismo?
_Sim, nudismo.
_Bom, então me dê a toalha que eu vou lavar.
_Não dá não.
_Por que cargas d'água não dá?!
_Porque...porque eu vou terminar de me secar no quarto.
_Ora, então termine de se secar aí e me entregue a toalha...E abaixa este troço aí porque você hoje me decepcionou! Como assim você sai correndo? Só me usa assim deste jeito, só por prazer, nem um carinho.
_Poxa amor, não foi assim, é que eu estava apertado para ir ao banheiro.
_Tão apertado que me deixa assim, na cama?!
_Sim.
_...
_Não me olha com esta cara!
_...
E, de repente, viu a escapatória. Seria rude, mas depois teria como desculpar, afinal ela sabia que estava sendo um tanto dramática. Brigar porque ele estava apertado para ir no banheiro?! COisa de mulher em TPM ou simplesmente quando quer arranjar briga por qualquer coisa que seja...
_Ah, por favor, Célia! Eu estava apertado, você queria que eu fizesse o que? Cagasse em cima de você dizendo:" Eu te amo"?!!_Disse rudemente e saindo para o quarto.
Lá chegando escondeu a toalha dentro da sua caixa de tênis novo. Depois daria um fim àquilo.
_Amor, desculpa, fui grossa com você..._Disse Célia
_Claro que sim, fui um pouco grosso também...
_Eu te amo
_EU também
E agradeceu aos céus por existirem mulheres, e por ela terem TPM. Mas principalmente por existirem mulheres.

Noite

quinta-feira, 10 de julho de 2008

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E ele olhava para o fundo daquilo. De noite parecia apenas uma grande sombra negra. Olhou ao redor. Ouvira o som do galhos partindo enquanto executava seu plano. Olhava para todos os lados, à procura de um vulto humano ou uma sombra em movimento. Nada. Apenas aquele vento gélido noturno cortando sua face.
Tornou a contemplar o fundo daquele buraco negro que parecia sugar toda a luz ao redor quando fixávamos o olhar. Tudo parecia trevas. Virou e saiu daquele lugar, descendo aquele pequeno morrinho. Ouviu novamente o quebrar de um galho. Olhou de súbito para os lados, decididamente à procura de alguém. Revólver em punho. Nada. De repente, um aperto no tornozelo, seu grito de pavor e o voar de pássaros que provavelmente dormiam tranqüilos na cena do crime.
Quando olhou para baixo, viu uma ensangüentada mão agarrando seu tornozelo. Instintivamente seguindo o braço ao qual aquela mão pertencia, tentou descobrir seu dono, embora já soubesse a resposta.
A imagem era deplorável: uma cabeça sem uma das orelhas o contemplava, com seus olhos que nada mais podiam enxergar encharcados do próprio sangue, que escorria pela roupa. O sangue da orelha jorrava por toda a parte e era, possivelmente, o culpado por todo aquele sangue na mão que agarrava firmemente seu tornozelo. Um chute e a mão larga, mas o pobre diabo continuava rastejando ao seu encontro.
Ele não viveria mais do que aquilo. Decidiu então sair correndo.
Ao chegar a casa, correu para a fogueira, se despiu, e tacou suas roupas na tentativa de apagar aquela horrorosa noite de sua mente, de sua vida. Mas, feliz ou infelizmente, os fatos não se apagam assim, e na manhã do dia seguinte estava estampado no jornal: "Homem sem orelhas salva-se da morte graças ao lenhador que estava próximo. O lenhador cortava árvores numa área ilegal e foi preso. O tal homem encontra-se cego, mas seu quadro médico encontra-se estável."
Um dor lancinante por dentro do ouvido e uma turbulenta neblina negra cerrava os olhos do pobre diabo assassino covarde. Suicídio. Fim.

Carmita carcomida

segunda-feira, 7 de julho de 2008

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E lá vinha a velha carcomida. Cumprimentos praticamente inaudíveis, um leve aceno de cabeça quase imperceptíveis. Só por educação ou dever moral, ou consciência pesada. A velha responde: um grunhido gutural e medonho, um aceno de cabeça tão brusco que parecia quebrar o pescoço e permitir à cabeça sair rolando ladeira abaixo. Ela empolgada, outros assustados. E seguia ela, andando manca e torta por aquela ladeira íngreme. Um pé literalmente na frente do outro. Parecia que estávamos prestes a uma queda a cada instante.
Todos os olhos a acompanhavam. Conheciam a tal velha: morava na rua de cima, no alto do morro. Sempre morou lá. Nunca teve filhos nem netos, mas, incrivelmente dizem que ela tem 3 bisnetos. Sabe-se Deus como, mas a fofoca e o leva-e-trás fazem milagres.
E ia andando devagar e sempre a velha carcomida Carmita. Sim, seu nome. Carmita.
E ia Carmita carcomida descendo a ladeira. Seus pés aparentemente errantes iam sustentando aquele corpo de graveto sem muita firmeza.
Um solavanco atrás do outro, solavanco, solavanco, até um solavanco particularmente brusco: um dos pés faz uma volta e emite um som que parecia uma bola de chiclé estourando. E, de cima, a velha vai ficando cada vez mais baixa. E seu corpo passava por cima de sua cabeça. Mais estalos horríveis, grunhido guturais. Olhos espantados, mãos-à-boca por todos os lados, mas nenhum auxílio.
E seguia Carmita carcomida descendo a ladeira, mais rápido que de costume, desta vez totalmente errante, sem destino preciso.
Por culpa da grande ladeira íngreme, Carmita seguia rolando, o que pareceu 1 ou 2 minutos. Até que, quase na outra rua, ela pára de súbito.
Todos meio embasbacados demoraram alguns instantes para perceberem que Carmita parara de rolar e estava gora num ângulo estranho, culpa de um poste de iluminação.
Chegando lá, perceberam que Carmita abraçava tal poste com seu corpo de graveto. Seus olhos, fechados; sua boca, cerrada; seu destino, incerto.
E lá se ia a população local para o velório de Carmita. Por educação ou consciência pesada, eu não sei. Mas iam, todos, unidos, ao alto do morro, para ver Carmita que descansava seu velhos gravetos num confortável paletó de madeira.

Despedida

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Não nego: gosto de uma comida da boa.
Mas sou muito amigo seu, compreendo suas necessidades, e me conformo com os restos de seu deleite.
Sei que às vezes estrapolo, brinco mais que o necessário, pulo e grito ao extremo, mas peço que compreenda: minha debilitada visão não permite que eu perceba se estás irritado, magoado ou triste.
Como prova de lealdade à você, nem me importo quando você estravasa sua raiva em cima de mim e me bate, me xinga e me trancafia. Mas peço que me entendas: se você briga comigo, você tem vários outros amigos para se diveritir: eu só tenho você! Por isso peço que me ajude e não fiques magoado se te machuco sem querer, ou se estrago algumas coisas: não é por querer e juro que não faz parte da minha intenção.
Tudo o que quero é te alegrar todos os dias, passar algumas tardes ao seu lado, como seu amigo e fiel companheiro, mas pode namorar: não sou ciumento, sei muito bem dividir sua atenção e seu carinho. E pode ter filhos também: mais gente para brincar (juro que brinco de levinho com eles).
E tudo o que peço é comida, água e um chão.
Sinto-me mal quando fico doente e te obrigo a gastar dinheiro, por vezes sair à noite. E muito mais quando percebo que é culpa de algo qu comi.
Sinto às vezes ser enérgico demais, mas já disse: eu só tenho você para brincar e às vezes preciso correr, pular, liberar energia para poder ficar, depois, ao seu lado: você fazendo carinho em mim, eu com minha cabeça sobre sua pernas, nós dois relaxando.
Digo-te: não é fácil estar aqui e ver seus olhos marejados em lágrimas, olhando para mim num gesto que sei que é uma despedida. Para sempre.
Agora tudo será diferente eu sei: o espaço é menor e a comida reduzida, mas não é isso que incomoda. O que me incomoda é saber que nunca mais o verei, nunca mais brincaremos juntos, nunca mais passaremos as tardes relaxando. Senirei muito falta de você. Não sei se percebes, mas estou chorando. Desculpa pelos latidos noturnos, desculpa pelos móveis que roí, desculpa pelo xixi e cocô que fiz você limpar, desculpa eventuais mordidas que te dei. Desculpa.
Mas sei que tens um bom motivo para me deixar aqui neste canil. Você é meu melhor amigo, nunca me deixaria aqui se tivesse alguma outra opção. Mas espero sua volta.
Sei que as coisas melhorarão e que te verei de novo, meu grande amigão.
Queria que pudesse ouvir estas palavras, mas minha boca não pode se comunicar com a sua, então tudo o que me resta é uma lambida, um xamego e um adeus entristecido.
De seu amigo,
Cão

Susto

quinta-feira, 3 de julho de 2008

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E ouviu um barulho o qual ele tinha certeza viera das profundezas mais remotas da escuridão do seu quarto. Olhou para todos os lados, assustado... Deitara ao meio dia e estava dormindo ate´agora... Neste instante detestou o trabalho noturno e a alta remuneração, o que permitiu-lhe comprar uma casa grande, com um quarto, consequentemente, maior e com mais cantos de sombra total. Olhou o relógio digital. Era bem tarde. Com seus olhos puros conseguiu enxergar algo que parecia um dois seguido de lago que ele suspeitava ser um um, mas que, na hora, sua cabeça tonta jurava para ele que poderia ser um sete. Ele afirmava que só haviam vinte e quatro horas num dia e que vinte e sete seria algo realmente absurdo.
Levantando-se enfim, pôs seus óculos, abriu a porta e saiu de pijama.
A casa estava na penumbra, uma das mais fechadas e assustadoras que ele já vira. E o barulho repetiu-se tum. Deveria ser o lixeiro do lado de fora. tum. Agora encarava a escuridão, tentando enxergar algo que ele sabia não poder. Sua única chance de expulsar os infernais...tum...pensamentos que vinham em sua cabeça era acender a maldita luz, coisa que exigiria atravessar a grande sala. Realmente detestou ter comprado uma casa grande. tum. Seu coração batia acelerado, e seus tum-tuns se uniram ao tum que vinha da escuridão. Se antes ele andava apressado, agora ele literalmente corria, pois percebera que um tum particularmente agressivo viera de seu lado direito. Enxergou o brilho esverdeado do interruptor: extirpar ia dali aqueles fantasmas agourentos.
Todos sabemos: Não olhe para trás, nunca, mas é inevitável. Bom, ele olhou e não viu nada se mover, mas ao tornar a virar para frente levou um susto tamanho que fez com que ele berrasse em tons diferentes por, pelo menos, uns 30 segundos. O tom ia de lá maior ao um tenebroso fá sustenido, ou algo do tipo, e tornava um lá maior bemos talvez. Seria cômico, se à sua frente não estivesse, à luz da rua que entrava, uma dama vestida de vermelho, sua silhueta, até abaixo dos quadris era perceptível. Sua face ainda encontrava-se nas sombras. Saiu num pinote dali e viu, na escuridão, alguns vários vultos correndo atrás dele. A perseguição na casa seria cômica se seu pescoço não estivesse em risco. Piscava freneticamente decidido que teria uma chance daquilo ser um longo e tenebroso pesadelo.
Derrapava no chão liso de madeira, lustrosos, refletindo os poucos raios do luar que adentravam sua janela. Detestava as cortinas que tapavam a claridade, detestava as luzes que se acendiam num único interruptor, detestava esses malditos fantasmas que o perseguiam, detestava o maldito prego em que pisou e o fez cair, num canto da casa, desesperado. Percebia que os vultos caminhavam em sua direção, podia sentir os olhos caindo por sobre ele, suas respirações cada vez mais próximas e então ali, de costas num canto da casa, acuado, sentiu sua retina praticamente ser queimada pelo jato de luz que inundou o cômodo, de supetão: alguém acendera a luz.
"SURPRESAAAAAAAAAAA!!" ecoou pela casa. Percebeu, por um espelho, que estava pálido, suado feito um porco, e agora rindo falsamente, pois ainda estava assustado e intimamente enfurecido com seus amigos.
Detestava as cortinas, detestava os interruptores, detestava o prego e, principalmente, detestava festas, sobretudo, surpresas.

Amar é_Roupa Nova

terça-feira, 1 de julho de 2008

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Amar é quando não dá mais pra disfarçar
Tudo muda de valor
Tudo faz lembrar você
Amar é a lua ser a luz do seu olhar
Luz que debruçou em mim
Prata que caiu no mar
Suspirar, sem perceber
Respirar o ar que é você
Acordar sorrindo
Ter o dia todo pra te ver
O amor é um furacão, surge no coração
Sem ter licença pra entrar
Tempestade de desejos
Um eclipse no final de um beijo
O amor é estação, é inverno, é verão
É como um raio de sol
Que aquece e tira o medo
De enfrentar os riscos, se entregar
Amar é envelhecer querendo te abraçar
Dedilhar num violão
A canção pra te ninar