Susto

quinta-feira, 3 de julho de 2008

| | |
E ouviu um barulho o qual ele tinha certeza viera das profundezas mais remotas da escuridão do seu quarto. Olhou para todos os lados, assustado... Deitara ao meio dia e estava dormindo ate´agora... Neste instante detestou o trabalho noturno e a alta remuneração, o que permitiu-lhe comprar uma casa grande, com um quarto, consequentemente, maior e com mais cantos de sombra total. Olhou o relógio digital. Era bem tarde. Com seus olhos puros conseguiu enxergar algo que parecia um dois seguido de lago que ele suspeitava ser um um, mas que, na hora, sua cabeça tonta jurava para ele que poderia ser um sete. Ele afirmava que só haviam vinte e quatro horas num dia e que vinte e sete seria algo realmente absurdo.
Levantando-se enfim, pôs seus óculos, abriu a porta e saiu de pijama.
A casa estava na penumbra, uma das mais fechadas e assustadoras que ele já vira. E o barulho repetiu-se tum. Deveria ser o lixeiro do lado de fora. tum. Agora encarava a escuridão, tentando enxergar algo que ele sabia não poder. Sua única chance de expulsar os infernais...tum...pensamentos que vinham em sua cabeça era acender a maldita luz, coisa que exigiria atravessar a grande sala. Realmente detestou ter comprado uma casa grande. tum. Seu coração batia acelerado, e seus tum-tuns se uniram ao tum que vinha da escuridão. Se antes ele andava apressado, agora ele literalmente corria, pois percebera que um tum particularmente agressivo viera de seu lado direito. Enxergou o brilho esverdeado do interruptor: extirpar ia dali aqueles fantasmas agourentos.
Todos sabemos: Não olhe para trás, nunca, mas é inevitável. Bom, ele olhou e não viu nada se mover, mas ao tornar a virar para frente levou um susto tamanho que fez com que ele berrasse em tons diferentes por, pelo menos, uns 30 segundos. O tom ia de lá maior ao um tenebroso fá sustenido, ou algo do tipo, e tornava um lá maior bemos talvez. Seria cômico, se à sua frente não estivesse, à luz da rua que entrava, uma dama vestida de vermelho, sua silhueta, até abaixo dos quadris era perceptível. Sua face ainda encontrava-se nas sombras. Saiu num pinote dali e viu, na escuridão, alguns vários vultos correndo atrás dele. A perseguição na casa seria cômica se seu pescoço não estivesse em risco. Piscava freneticamente decidido que teria uma chance daquilo ser um longo e tenebroso pesadelo.
Derrapava no chão liso de madeira, lustrosos, refletindo os poucos raios do luar que adentravam sua janela. Detestava as cortinas que tapavam a claridade, detestava as luzes que se acendiam num único interruptor, detestava esses malditos fantasmas que o perseguiam, detestava o maldito prego em que pisou e o fez cair, num canto da casa, desesperado. Percebia que os vultos caminhavam em sua direção, podia sentir os olhos caindo por sobre ele, suas respirações cada vez mais próximas e então ali, de costas num canto da casa, acuado, sentiu sua retina praticamente ser queimada pelo jato de luz que inundou o cômodo, de supetão: alguém acendera a luz.
"SURPRESAAAAAAAAAAA!!" ecoou pela casa. Percebeu, por um espelho, que estava pálido, suado feito um porco, e agora rindo falsamente, pois ainda estava assustado e intimamente enfurecido com seus amigos.
Detestava as cortinas, detestava os interruptores, detestava o prego e, principalmente, detestava festas, sobretudo, surpresas.

0 conselhos: