Proibido

sexta-feira, 27 de junho de 2008

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Toda cidade tem um bafafá, um piriri, uma fofoquinha, uma intriga, pelo menos uma vez.
Nesta cidade de Tenente Rafael não poderia ser diferente.
Mas nesta cidade, a quantidade de bafafás era absurda. E por absurda quero dizer grande. Dar-vos-ei um exemplo: o caso da velha A.
Ela morava numa casa de madeira perto da rua 2. Ninguém sabia seu nome de verdade e todos a chamavam de velha A. Era passar em frente à tal casa e ver o farfalhar das cortinas: a velha estava ali, observando.
A casa tinha um ar de sombrio, era feita de madeira envelhecida e úmida, ao redor, vários fungos cresciam num "jardim" de húmus e terra negra. O único sinal de vida ali era, além das cortinas e dos fungos, os gatos. SIm, gatos, e muitos.
A velha, aparentemente, era uma adoradora de gatos: brancos, pretos, marrons, pintaos, multicoloridos, grandes, pequenos, doentes a, até mesmo, mortos. Da janela da tal moça podia-se ver ossos de gatos pendurados no parapeito.
Quando crinaças passavam, as mães tapavam seus olhos e seus narizes, já que eles poderiam ter pesadelos ou desmaiar com o forte cheirop de fungo, urina de gato, carniça e madeira podre.
Bom, era um dia de verão, estavam todos na rua(exceto nAQUELA rua) quando ouviu-se um estrondo. Forte. Nada à vista na rua onde todos estavam, mas nAQUELA rua, pairava o ar da desordem: A CASA tinha vindo abaixo.
Logo, todos começaram a busca pela velha, mas, surpreendentemente, nada encontraram. Vasculharam todos os cantos da casa, e nada. Nada de velha, e nada de gatos. Nem mesmo mortos.
Teria a velha se mudado?
Teria ela destruído a casa?
De repente, uma senhora desmaia.
Agora, as atenções estão voltadas à ela. Quando recobra a consciência, ela conta que, de repente, tudo girava, parecia que estava num campo anti-gravidade, que o chão tinha virado pudim de leite com passas e cauda de amora, parecia que o mundo tinha entrado num buraco negro(mesmo ela sendo alérgica a pudim e nunca, na vida, tenha entrado em um buraco negro para saber como é. Anti-gravidade sim, ela era astronauta) mas, então, o grito de horror.
As pessoas pareciam estar num jogo de ping-pong. Ela grita, todos olham pra ela, ela aponta, todos olham para casa, ela grita, todos olham para ela, ela aponta, todos olham para casa.
Mas, enfim, contar-vos-ei o que se sucedia. Ela, e todos ali, podiam ver o cadáver da senhora, junto com milhares, talvez centenas, de ossadas de gatos.
Foram um bombeiro, um policial, A CIA, a CSI, um padre, um pastor, um rabino, um monge, um pai-de-santo e ninguém exlicava aquilo.
Então, todos fizeram a tática tradicional: calaram-se e tentaram esquecer aquele assunto, que, agora, era proibido.

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