Esquinas da vida

quarta-feira, 18 de junho de 2008

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E ela passou por mim com aqueles passos curtos e rápidos, quase não notei, não fosse justamente sua forma de andar: era meio tonto, meio estonteante, meio errante, meio graciosa, meio...meio.
Fui no seu encalço, queria falar com ela, dizer-lhe algumas palavras, poucas, não muitas, já que nãoi haveria assunto para tanto. Apenas um "olá", só pra dizer que eu falei, que cumprimentei.
Ela virou na esquina da rua Camarões, fui ao seu encalço, ela andava sem tropeçar, sem parar, desviando por entre a gente que anda também, mas contra. Eu, sem habilidades, andava, parava, dava licensa, ficava naquele vai-não-vai com alguém,que no fim acabam os dois indo juntos e se trombando. E ela ia pela rua, sem obstáculos e aparentemente sem rumo.
Segui, queria falar com ela, queria muito mesmo, precisava disto.
Até que ela entra no ônibus. Vou andando, o desespero vai crescendo, o ônibus fecha as portas dianteiras e traseiras, continuo andando, o ônibus dá a partida, agora corro enlouquecidamente, o ônibus se vai, pelas esquinas da rua.
Mas, com seu número em mente, aguardo um próximo ônibus. Demora uns trinta minutos vem um outro, igual. PEgo este.
Mas, em que ponto terá saltado meu destino?
Como conhecia a tal, procurtei lugares prováveis para onde ela poderia ter ido.
Um boteco? Não, um hotel menos, era pobre; um cabaré? Não poderia ser, era moça comportada; uma igreja? Não tão religiosa; um centro espírita? Minto ela não era, definitivamente, religiosa, era atéia; Uma...Isso!
Desci do ônibus, já que avistei talvez a melhor das pistas:Ela própria, aguardando um outro ônibus, no ponto tal.
Desci e finalmente fitei sua face, balbuciei algumas palavras, sem sentido, tal era minha emoção em revê-la. Ela, provavelmente sem reconhecer-me, desvencilhou-se de meus braços e disse, doce, mas firmemente, que não me conhecia, pediu perdão novamente e pegou o ônibus que estava parado, verde.
Eu disse que estava tudo bem, apenas necessitava de inspiração para uma história, pois a última fora uma droga.
Segui andando, então, pelas esquinas da vida, talvez assoviando, talvez...talvez.

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