Chapéus

quarta-feira, 4 de junho de 2008

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Ela era conhecida por todo o bairro:"Madame Hat". Não, não estamos no exterior, permanecemos no Brasil, mas ela tinha um não sei o que de inglesa. Era olhar pra ela e dizer :"Are you from England?". Mas não, a tal madame era mineira, viajou para Bahia aos 12 anos e até hoje mora lá.
Bom, mas o porque deste nome é bem estranho: Ela tinha, na sua casa, um closet só para chapéus. SIM, um armário repleto de chapéus. Um para cada ocasião. Tinha o chapéu para rua no inverno, verão, outono e inverno; o chapéu de compras, também para as quatro estações; chapéu de velório, novamente par as quatro estações. Seu marido, o coronel Adamastor, homem rico, sentia prazer em satisfazer este desejo de sua amada, na verdade, Carmen.
Eis que Adamastor diz para sua esposa, eufórico com a notícia que ainda diria, mas que já incendiava suas idéias, pronta para sair como uma explosão de euforia:
"Amor, recebi ingressos para montanha russa!"
A notícia só não soou mais estranha d que a cara de decepção de Carmen, que esperava algo como uma ópera, um teatro, um carro, algo esplendoroso, mas uma montanha-russa? Iria descabelar-se!
Adamastor era conhecido também por ser bem infantil. Carmen nem alimentava espranças de ser uma brincadeira: ela sabia que era verdade, era realmente o que eles fariam.
"Claro Adãozinho, mas tenho que comprar um chapéu para esta ocasião."
"Mas amor, na montanha russa seu chapéu vai voar pelos ares."
"sem chapéu, sem viagem."
"Mas amor..."
"Adãozinho, por favor compre um chapéu. Estamos no verão, prefira cores quentes, surpreensa-me, embora eu ache que isso realmente não é problema pra você."
"Mas amor..."
E seguiu-se este jogo de réplica e tréplica. E o pedido de Carmen passava de sutil, doce e meigo, gradativamente à um pedido firme, decidido e pontuado.
Deu-se uns instantes onde ficaram discutindo comprar ou não um bendito chpéu, até que Adamastor, perdão, coronel adamastor, rendeu-se.
E foi comprar o chapéu para poder viver sua aventura na montanha russa.
Carmen conseguira, uma vez mais, o que quisera.
Ela sempre o conseguia.

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