Segredos velados

quarta-feira, 21 de maio de 2008

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Ela olhou para o outro lado da rua. Ela podia vê-lo, mas não tinha coragem para ir até lá e dizer, como poderia simplesmente dizê-lo o que tinha para dizer. Mas era sua obrigação, ela tinha que fazê-lo.
Ela retomou seu olhar que rumava perdido em seus próprios pensamentos para o outro lado da rua, e ficou estupefata: ele ali não mais se encontrava. Por instantes ficou meio perdida, confusa, não podia perdê-lo de vista, tiha de dar a notícia.  Procurou, por instantes até rodopiou pela praça até que seus olhos se bateram num carro azul parado na esquina. Parado era um estado transitório para aquele carro, a ignição fora dada, apenas não havia-se deslocado. Correu até ele, mas a cabo de meio metro, o carro finalmente partiu. A mulher ficou desesperada, até que realizou o sonho das aventuras imaginárias: pegou um táxi e pediu, aos prantos: "Siga aquele carro!". E assim foi feito. O carro azul era agora perseguido pelo amarelo táxi. O táxi ia passando por várias paisagens, sempre o carro azul a frente, não podia simplesmente perdê-lo de vista. Andou por horas, o preço do taxímetro estava ficando absurdo, mas num instante o carro azul pára. Seu motorista desce do carro. Para um espanto, aliás um enorme espanto, Carmen, agora apresentada, percebeu que o homem que desembarcara do carro não era Marcelo, o seu procurado. Sua aflição era tanta que nem percebeu que estavam no vão central de uma ponte qualquer entre Manhattam e Cabo da Boa Esperança e , além do estranho fato de o carro ter parado ao meio da ponte, o que foi acompanhado pelo táxi, o homem que desembarcara do carro azul vinha em direção ao táxi. Em suas mãos, um cacetete. Primeiro foi o motorista de táxi, espancado até a morte pelo estranho que, aparentemente, pensou que seria seqüestrado pelo estranho táxi que o segira até aquela fatídica ponte. Depiois de totalmente ensagüentado, o taxista deu a vez a pobre Carmen, ao fundo do carro, sua face lúgubre pelo sinal de morte iminente. E o homem, aparentemente sádico, com sua face rude, um sorriso escondido, ergueu o cacetete. E o algoz executava seu serviço. Carmen, nem um pio. Sua notícia e seus segredos foram-se com ela, que descansa em paz nas frias águas sob uma ponte qualquer entre Manhattan e a África do Sul.

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