Ao som do blues

quarta-feira, 18 de fevereiro de 2009

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"Tudo que você faz, um dia volta pra você(..)
Porque eu sou como um Boomerang:
Quando eu acerto é pra matar..."
Boomerang Blues - Renato Russo.

O blues tocava no rádio, a chaleira esquentava no fogão, o dia clareava lá fora.
Os pés, em cima da cadeira, cansados, usavam ainda meias apertadas, resquícios do dia no trabalho.
Atirei-as fora. Não muito longe, traziam lembranças boas.
Lembranças boas a gente guarda perto da gente, enquanto as ruins, preferimos deixá-las na periferia de nossa existência, só à guisa de lembrete, da besteira outrora feita (nunca apagada).
Reflito um tanto sobre o passado, inflexível, rijo, forte, e penso no futuro: maleável, indefinido, nebuloso.
A chaleira dá um grito. É hora de levantar.
Uma vozinha distante vem e diz:
"A preguiça é a mãe do progresso. Sem a preguiça, não haveriam máquinas, equipamento, nada!"
Um riso frouxo risca minha face, inclinado, maroto, saudoso.
A chaleira chia alto. É realmente hora de partir.
Levanto pensando no futuro, tentando moldá-lo a meu modo, seguindo todos meus planos.
"Não tenta traçar um plano muito fixo, muita coisa pode acontecer..."
Essas vozes. Outro riso. A chaleira explode.

1 conselhos:

Thalita disse...

Um dos melhores que eu já fiz