Velha volúvel

terça-feira, 26 de maio de 2009

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"Ó pedaço de mim, ó metade amputada de mim
Leva o que há de ti
Que a saudade dói latejada,
É assim como uma fisgada
NO membro que já perdi..."

O despertador toca, a rua ainda continua no seu habitual breu da madrugada. Essa música me acompanhou nos meus sonhos, acordou em minha mente.
Após a rotineira higiene matinal, visto-me, pego o Rio Card, o metro card e o São Jorge card e vou para o ônibus, aquele mesmo e velho azul e amarelo. Depois deste o frio e insensível metrô das 6. Cada qual em seu espaço, delimitado, intransigível, impenetrável.
Uma atmosfera de profunda monotonia invade o já fragilizado coração, entorpece a confusa e atordoada mente do pobre jovem viajante para mais um dia de colégio.
A música ainda esta lá.
Porque ele se identificava com a música. Definitivamente, ele sentia uma dor latejante pelo oco de sua alma, marcado pelo espaço ausente da felicidade vindoura. Porque, porque ele não conseguia encontrá-la, sentir seu calor novamente perpassar seus nervos e todas as células de seu corpo?! Por Quê?!
Já estava no quarto andar, quando uma palavra o desperta de seus devaneios:
"Jonas Brothers!"
Olha confusa para a pequena menina a sua frente. Sua amiga, talvez uma das maiores com a qual poderia ali naquele colégio contar. Um sorriso perpassou o rosto. Sentia como se há muito tempo não o fizesse. Os músculos pareciam mais rijos que o normal.
Mas ele pôde senti-la, novamente, em seu íntimo. Afinal, ainda havia o teatro. Naquele dia teria uma apresentação do pessoal do segundo período, e daqui a dois dias haveria a SUA apresentação. A atmosfera de excitação foi contagiando-o aos poucos, junto com as imagens: a noiva, o marido, o amante, Thalita, Renata, Uchoa, Dedeco, Weyber, Estela, Natalia, Gabriel, Aramís.
De fato, não poderia não sorrir.
Abraçou, então, a velha volúvel, essa tal estranha felicidade.
"Chorar pra que? Chorar!
Você deve sorrir
Que outro dia será bem melhor "

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