Problemas polares

quinta-feira, 15 de outubro de 2009

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E vão-se embora as roupas, na ordem: blusa, short, cueca. Nu, completamente desprotegido, exposto aberto. De repente, uma sensação de prazer irremediável, uma arrepio gostoso que sobre pela espinha, um arrepio intenso, intrínseco à vida.
E o corpo relaxa, e a mente viaja, rodopia pelos ares, sem rumo, rumando para um outro lugar, mas sem sair da posição. Contraditória vertigem de sensações que culminam num mesmo ponto: o prazer real, carnal, prazer humano.
Novo arrepio, nova sensação, percepções mais apuradas, sentimentos à flor da pele, e enfim o orgasmo, ah o orgasmo, como é bom sentir o ápice do prazer, envolto por um lugar quentinho, acolhedor, embora pequeno, ou não, tamanho ideal. Se fosse maior talvez não tivesse a mesma magia.
Então, após o clímax, sentir o toque suave pela pele, percorrendo cada poro, cada centímetro quadrado desta vasta imensidão do corpo, da ponta do cabelo até o dedo do pé. Nova sensação gostosa, a lavagem da alma, o fluxo dos problemas e das quizilas da vida para o exterior, e descer o ralo.
Ah, como é gostoso chegar de um longo dia e sentir-la cair por todo seu corpo, rodeando-o, encobrindo cada poro de sua epiderme, a doce beleza, força da natureza, solvente universal!

(A quem porventura interpretou de outra maneira, até que fosse lido o último parágrafo, não sinta-se mal. É um daqueles caprichos de escritor vazio, que obriga a pessoa a ler sua obra, no mínimo, duas vezes para que possa ser captada em toda sua essência. Ou não.)