Reator

segunda-feira, 22 de setembro de 2008

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Estava na aula de matemática. Mas meu pensamento voava longe dali, na Europa, num tal reator, o bang do momento. Pensava sobre física quântica, química quântica, elétrons, energia e etc...
Era óbvio que nada iria acontecer: o do buraco negro que porventura viesse a abrir seria da ordem de 10 a -27 metros e evaporaria em menos de 2 segundos. Para fazer um aml ele não poderia evaporar e teria de se chocar com alguns bilhares de hidrogênios ou matéria, ganhar massa até ter um miligrama, e isso demoraria aproximadamente 6 bilhões de anos.
Bom, estávamos todos na escola, aula de matemática, tudo em paz, até um estrondo, uma tremedeira e depois nada mais. TÜdo voltou ao nromal. Todos se olharam por uns instantes, se perguntando como um terremoto abalara o Brasil, ou pelos menos como um tão forte assim. E daí, do nada, o prédio começou a rachar. Simples, rachar, pelas quinas. Reparando bem, o chão e o teto estavam começando a se inclinar, em vias de se encontrar. Sabe-se Deus como, pensei rápido e segurei o professor pelos quaris, enquanto todos me seguravam pelos quaris, todos puxando o professor, de volta para a segurança.
Era uma situação ao mesmo tempo bizarra, engrançada e assustadora: tudo, absolutamente, parecia se encontrar num único ponto no horizonte. Como se nos tivessem posto num cone. Então o desespero. Correr. Mas, pra onde?
Sabíamos do que se tratava, a porcaria daquela meleca daquele reator
que funfou a porcaria toda do mundo.
Ao mesmo tempo que pensava nisso, a sucção para dentro daqule ponto do horizonte estava ficando cada vez maior. As coisas começavam a perigosamente se deslocar em direção ao ponto, se chocando contra nós. Tínhamos que correr muito para escapar daqueles objetos voadores. Mas o buraco-negro acelerava. A cada vez que ele incorporava algo, ele crescia com mais velocidade. Era assustador: corríamos e aquilo continuava atrás de nós. Até as primeiras vítimas.
A primeira foi o professor: tropeçou no chinelo e foi sugado. Seu grito de horror se espalhou pelos corredores. Era angustiante. Não podíamos sentar e chorar a sucção do professor, nem isso podíamos. Tínhamos que correr em direção a um destino que sabíamos não existir. Uma bela hora seríamos sugados pelo buraco. A concepção parece ter caído sobre Thalita, que parou, junto à Renta e Natália, de correr. Simplesmente deixaram-se levar pelo buraco. Não gritaram. aceitaram o fim com tranquilidade. E todos, um a um eram sugados. Só restavam correndo eu e o professor Aramis. Corríamos feito virgens loucos e deseperados no meio de um arém. Corríamos, simplesmente corríamos. Até uma parede. Ficamos encurralados.
E o buraco negro estava bem à nossa frente, e aos poucos, toda minha vistava ficava negra, mas negra de um negro colossal, nada se via. Primeiro foi meu braço e minha perna. Se juntaram num único ponto próximo ao teto. Sentia todas as minhas articulações sendo puxados em direção aquele ponto no teto. Mas não doía, o que era estranho. Era aterrorizante, logo meus gritos foram de pavor, não de dor. E seres estranhos pareciam surgir como fantasmas no meio da realidade, como relances, entre o real e o interior do buraco-negro. Foi tudo muito, muito confuso. Até que pensei. Talvez pela primeira vez até ali:
Aramis está no colégio às terças.
Minha aula de matemática é às quartas, de manhã.
Vá lá, não entendo de física e química quântica, mas sei que isso era muito estranho.
E daí, quando não havia mais nada, quando eu não sentia mais nada, quando eu não via mais nada, quando eu não respirava mais nada, quando eu era penas um pensamento vagando pela escuridão do mundo,
eu acordei.
Preciso parar urgentemente de dormir nas minhas aulas de matemática.

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